“É um sistema em que as células comunicam entre si. São as ‘proteínas flower’ que as células usam para comunicar com as células vizinhas e estas eliminam a célula danificada. É como um controlo de qualidade do organismo. Quando o corpo é jovem, tem-se normalmente muitas células boas; quando o corpo é mais velho, este sistema de controlo de qualidade já funciona pior e o número de células danificadas vai-se acumulando”, afirma, para explicar a habitual correlação do agravamento da doença em pessoas mais idosas.
De acordo com o geneticista espanhol, há quatro proteínas flower nos humanos, divididas em duas categorias: proteínas ‘lose’, presentes nas células danificadas, e proteínas ‘win’, encontradas nas células boas.
“O que pretendemos é que seja usado como marcador biológico e poderá usar-se num futuro próximo”, refere, confirmando que a deteção destas células pode ser extraída de amostras pulmonares e nasofaríngeas, utilizando o teste PCR para analisar os níveis de proteínas ‘lose’. Se o indivíduo tiver um número elevado deste tipo de proteínas, a sua doença pode ser alvo desde o início de uma monitorização mais apertada ou de outro tipo de intervenção precoce.
A investigação, que contou com a participação de cientistas de Dinamarca, Suécia, Estados Unidos, Austrália e Alemanha, sublinha que o potencial deste tipo de proteínas vai além da covid-19 e que pode servir ainda de marcador para outros tipos de doenças.
“Pode ser importante não só para a covid-19, mas também para outras doenças. Não é específico da covid-19. Uma pessoa que se sente mal pode ter um alto número de proteínas ‘lose’”, reforça, explicando que este tipo de análise é local, faltando desenvolver mais trabalho e outros tipos de testes para perceber a possível deteção mais generalizada das proteínas ‘flower’ no organismo e não somente num órgão, como no caso dos pulmões para a covid-19.
Paralelamente, Eduardo Moreno garante que o potencial destas proteínas ‘flower’ como marcador biológico para a gravidade de diferentes patologias já atraiu “muito interesse de companhias farmacêuticas” atentas à possibilidade de ser desenvolvido um método de ‘rejuvenescimento’ artificial das células através da introdução de proteínas ‘win’ no organismo.
Os resultados do estudo conduzido por este grupo de investigadores foram publicados recentemente na revista EMBO Molecular Medicine.