A algumas semanas da 26.ª Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU (COP26) em Glasgow (Escócia, Reino Unido), Michelle Bachelet pediu uma “ação climática mais ambiciosa”.
“As crises interdependentes ligadas à poluição, às alterações climáticas e à biodiversidade multiplicam os perigos – ampliando os conflitos, as tensões e as desigualdades estruturais – e tornam as pessoas cada vez mais vulneráveis”, declarou a responsável na abertura da 48.ª sessão do Conselho dos Direitos Humanos em Genebra (Suíça).
À medida que se intensificam, estas ameaças ambientais tornar-se-ão “o desafio mais importante para o exercício dos direitos humanos do nosso tempo”, disse Bachelet.
Esta “tripla crise planetária” já tem, segundo a alta comissária, um impacto direto e amplo sobre toda uma série de direitos humanos, como “o direito a uma alimentação adequada, à água, à habitação, à saúde, ao desenvolvimento e até à vida”.
A poluição é causa de uma em cada seis mortes prematuras, alertou, antes de listar uma série de desastres ambientais: fome em Madagáscar, desertificação no Sahel, submersão da costa no Bangladesh, escassez de água no Médio Oriente, incêndios gigantes na Sibéria e na Califórnia, inundações na China e na Alemanha.
“Enfrentar a tripla crise ambiental global é um imperativo humanitário, um imperativo para os direitos humanos, um imperativo de consolidação da paz e de desenvolvimento”, disse Bachelet, adiantando: “Também é possível”.
A responsável defendeu a atribuição de vistos humanitários aos migrantes forçados a abandonar os seus países devido à degradação ambiental, considerando que o retorno forçado das vítimas da crise climática a lugares onde o meio ambiente já não permite uma vida digna “não é apenas imoral, mas também insustentável”.