O cortejo fúnebre do antigo chefe de Estado Jorge Sampaio, que morreu na sexta-feira, chegou ao antigo picadeiro real, junto ao Palácio de Belém, pelas 11:10, tendo sido o velório aberto público cerca das 12:30.
Desde então, têm sido várias as pessoas, muitas delas anónimas, mas também várias personalidades da política e de outras áreas, que têm passado pelo antigo Museu Nacional dos Coches para prestar a última homenagem a Jorge Sampaio.
Depois de uma fraca adesão durante a hora do almoço, a fila junto ao antigo picadeiro real começou a aumentar por volta das 16:00, chegando junto ao Museu da Presidência.
Dezenas de coroas de flores estão também a chegar desde manhã ao local onde o corpo de Jorge Sampaio está em câmara ardente.
“Foi um presidente muito carinhoso. Portugal perde um grande amigo do povo”, disse à agência Lusa José Gomes, que foi prestar a última homenagem a Jorge Sampaio juntamente com a filha.
Enquanto esperava na fila confessou que Jorge Sampaio foi “sem dúvida o melhor presidente de Portugal”, caracterizando ainda o antigo chefe de Estado como uma “pessoa simples e amiga do povo”.
“É uma perda muito grande”, sustentou.
Com um ramo de flores na mão, Manuel não se importa de esperar tempo na fila para prestar o seu reconhecimento e agradecimento ao homem que “deu um enorme contributo para a sociedade que hoje existe em Portugal”.
“O que ele fez com os sírios, com os refugiados, nas Nações Unidas, foi um grande homem, um grande português. Acho que todos lhe devemos muito. O país que temos hoje foi construído por pessoas como ele”, frisou à Lusa.
Por sua vez, Maria Teresa destacou à Lusa “o lado humano, a firmeza e o caráter” de Jorge Sampaio.
“Só morre quem não é lembrado, ele está no nosso coração”, sublinhou Maria Teresa.
Para Cristina Mendes da Silva, Jorge Sampaio foi um homem que fez “muito por Portugal e marcou a diferença como Presidente da República, mas também como político, homem e advogado”.
“Fez muito pelo nosso país, sobretudo pelas pessoas que mais precisam e em prol da liberdade. Acho que todos nós portugueses temos muito que lhe agradecer, sobretudo num país que se quer democrático, em liberdade e onde as pessoas têm direitos iguais”, disse à Lusa, enquanto aguardava na fila, frisando que vai ficar “para sempre na história do país”.
Cristina Mendes da Silva destacou “quase tudo da carreira” de Jorge Sampaio, mas enalteceu sobretudo “a preocupação com os estudantes, o papel importante que teve com Timor e agora o seu último apelo para com as mulheres afegãs”.
Sílvia Guerreiro deslocou-se ao velório de Jorge Sampaio com o marido e as três filhas, ainda crianças, e justificou: “Viemos em família para prestar a última homenagem. Espero que esta pequena e simbólica passagem por aqui deixe nas nossas filhas a ideia de perceber um bocadinho mais de quem foi Jorge Sampaio”.
Sílvia Guerreiro lamentou à Lusa quo ex-Presidente da República não tenha “deixado mais a sua pegada no país e no mundo”.
Destacando a humanidade, atitude e a vida simples de Jorge Sampaio, Sílvia Guerreiro considerou-o uma “pessoa rara”, que “devia ter feito escola e deixado mais herdeiros na sua posição da política”.
“É para isso que a política existe, para servir o povo. Ele serviu o povo muito bem e às vezes até com sacrifico próprio”, disse.
O velório está aberto ao público até às 23:00 de hoje.
A abertura ao público do velório aconteceu após as três mais altas figuras do Estado – Presidente da República, presidente da Assembleia da República e primeiro-ministro – acompanharem a chegada e a entrada da urna no antigo picadeiro real, juntamente com a família de Jorge Sampaio.
Jorge Sampaio, antigo secretário-geral do PS (1989/1992) e Presidente da República (1996/2006), morreu na sexta-feira, aos 81 anos, no Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, Oeiras, onde estava internado desde 27 de agosto, na sequência de dificuldades respiratórias.
O Governo decretou três dias de luto nacional, entre hoje e segunda-feira, e cerimónias fúnebres de Estado.
O funeral de Jorge Sampaio, com honras de Estado, realiza-se no domingo, antecedido por uma homenagem no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa.
C/Lusa