“Houve um descontrolo na via pública”, disse à agência Lusa, sublinhando que, na primeira quinzena de agosto, eram frequentes concentrações de jovens no centro da cidade Vila Baleira, por vezes mais de 2.000, entre a hora de encerramento dos estabelecimentos – 00:00 – e o recolher obrigatório – 01:00.
Para Miguel Velosa a situação era espectável, para além de recorrente no verão, mas houve apenas um “pequeno reforço” do contingente policial, cuja atuação foi “muito leve”.
De acordo com os dados mais recentes da Direção Regional da Saúde, o Porto Santo regista 81 casos de covid-19, num total de 201 sinalizados desde o início da pandemia.
A ilha tem cerca de 5.000 habitantes, mas é um destino muito procurado nos meses de verão para férias, sobretudo pelos residentes da Madeira, sendo que este ano já registou picos de 30.000 pessoas.
O presidente da AICTPS apontou um “certo desleixo” das pessoas, baseado no índice de vacinação – 80% no Porto Santo e 70% ao nível da região autónoma –, bem como na obrigatoriedade da apresentação de testes antigénio ou PCR para entrar e sair da ilha.
“Criou-se aqui uma certa nuvem, que íamos criar imunidade de grupo”, disse, reforçando que “as pessoas sentiram-se, ilusoriamente, mais seguras por estarem vacinadas ou terem de fazer teste”.
Miguel Velosa reconheceu que nos bares e esplanadas foi difícil manter as regras sanitárias previstas devido à pandemia de covid-19, mas insistiu que o surto de infeções não foi da responsabilidade dos estabelecimentos, lembrando que, para além dos ajuntamentos no centro da cidade, as festas privadas prosseguiam após o recolher obrigatório.
“Uma vez mais os empresários ficam com a culpa, mas é preciso não esquecer que existem outros espaços a vender álcool durante o dia e as festas privadas não são feitas com bebidas compradas nos bares, mas nos supermercados”, advertiu.
Miguel Velosa alertou também para o “grande descontrolo” na única grande superfície do Porto Santo, salientando que “não houve rigor” em relação ao número de pessoas no espaço.
“Ao nível da organização e da criação de sinergias para que estas situações não acontecessem, uma vez mais, a Câmara Municipal, acabou por não o fazer”, afirmou, indicando que a associação tinha alertado as entidades oficiais para a necessidade de reforçar o policiamento e controlar o funcionamento dos espaços noturnos.
“Nada era novo”, insistiu, lembrando que no verão de 2020 também ocorreram grandes ajuntamentos.
“Penso que esta situação não foi pensada, não foi preparada”, reforçou.
Segundo a Direção Regional de Saúde, o arquipélago da Madeira, com cerca de 250.000 habitantes, regista 352 casos ativos de covid-19, num total de 10.897 confirmados desde o início da pandemia e 75 mortos associados à doença, um deles no Porto Santo.
C/Lusa