O número de atletas lusos presentes em Jogos Olímpicos ultrapassou as oito centenas, com 56 estreantes em Tóquio2020 a aumentarem para 801 o total de lusos no maior evento desportivo mundial.
Mais um do que no Rio2016, quando entraram para a ‘galeria’ mais 55 atletas, a missão portuguesa na capital nipónica contou com os estreantes para chegar aos 92 atletas ao todo, 56 homens e 36 mulheres, menos de 40% da composição.
Os 107 de Atlanta, nos Jogos do Centenário, em 1996, são ainda o máximo numa edição, sendo que Portugal também ultrapassou a centena (101) em 1992, em Barcelona, números para os quais contribuíram as equipas de futebol (18) e hóquei em patins (10), respetivamente, com Tóquio2020 a igualar o Rio2016 nos 92.
Nas medalhas, Tóquio2020 não tem precedentes e foi a melhor presença de sempre: foram quatro, uma de ouro, uma de prata, e duas de bronze.
Entre os novos heróis desportivos nacionais está o atleta português mais novo em prova, Gustavo Ribeiro, oitavo no que foi também a estreia da sua modalidade, o skate, com a presença inédita em várias disciplinas a ‘ajudar’ ao aumento de novos olímpicos.
O andebol é um caso claro, com 14 convocados a ‘engrossarem’ a lista, na primeira participação oficial de Portugal numa modalidade coletiva de pavilhão, mas também Yolanda Sequeira e Teresa Bonvalot, no estreante surf, ao lado de Frederico Morais, que acabou por não participar devido a um positivo ao novo coronavírus.
Maria Martins, de 22 anos, estreou com um sétimo lugar no omnium a participação lusa no ciclismo de pista, mas outros há mais experientes, como João Paulo Azevedo, que aos 37 anos chegou ao tiro com armas de caça.
Ainda assim, o mais condecorado dos estreantes era mesmo Pedro Pablo Pichardo, que se naturalizou em 2017 após sair de Cuba e deu o quinto ouro olímpico a Portugal, com novo recorde nacional do triplo salto, agora nos 17,98 metros.
O triplo rendeu também a prata de Patrícia Mamona, com outro recorde nacional, nos 15,01 metros, e fora do atletismo surgiram dois bronzes, do judoca Jorge Fonseca e do canoísta Fernando Pimenta.
Os Jogos Olímpicos começaram em 1896, em Atenas, mas Portugal falhou as primeiras quatro edições, estreando-se apenas à quinta, em 1912, em Estocolmo, na Suécia, com a morte trágica do maratonista Francisco Lázaro, um de seis atletas portugueses presentes.
Em 1920, Portugal levou 14 desportistas, que competiram em esgrima e tiro, e, em 1924, estiveram 29 em Paris, de oito modalidades e a representação lusa conquistou a primeira medalha, de bronze, na prova de obstáculos por equipas, por José Mouzinho de Albuquerque, Aníbal Borges de Almeida e Hélder de Sousa Martins
Na edição seguinte, em 1928, Portugal voltou a bater o seu recorde, com 32 atletas em Amesterdão, incluindo a equipa de futebol. Foi, porém, a esgrima a chegar à medalha, de bronze, graças à equipa de espada.
Depois de só levar seis atletas a Los Angeles, em 1932, Portugal também não se fez representar com muitos em Berlim, mas os 19 foram suficientes para o terceiro bronze, de novo para o equestre e na prova coletiva de obstáculos, e quase meia centena (46) foram a Londres1948, com dois ‘metais’, prata para o Swallow de Duarte Bello e Fernando Bello e novo bronze no hipismo.
Helsínquia1952, que trouxe mais um bronze, na vela, assinalou a primeira delegação verdadeiramente de ‘peso’, com 71 atletas, incluindo as primeiras três mulheres, em representação das cores nacionais, em 10 modalidades.
Quatro anos volvidos, na ‘distante’ Melbourne, Portugal apenas colocou 12 atletas, em contraste com os 65 de Roma1960, para um recorde de 12 modalidades, com uma prata na vela, antes de um decréscimo de apurados
Vinte e um em Tóquio (1964), 20 na Cidade do México (1968), 29 em Munique (1972), 19 em Montreal (1976) e 11, apesar do boicote norte-americano, em Moscovo (1980), com poucos resultados de monta até ao Canadá, com duas medalhas de prata, de Carlos Lopes nos 10.000 metros e Armando Marques no fosso olímpico (tiro).
Em 1984, numa edição marcada pelo boicote dos países de Leste, como resposta ao impulsionado quatro anos antes pelos Estados Unidos, Portugal contou com 38 atletas e somou, finalmente, o seu primeiro título olímpico, pelo maratonista Carlos Lopes, ao lado de outros dois bronzes, um deles de Rosa Mota, primeira mulher portuguesa medalhada.
O número de portugueses ‘disparou’ para 66, de 13 modalidades, em Seul, na Coreia do Sul, de onde chegou o segundo ouro e primeiro no feminino, obra, novamente, de Rosa Mota, vencedora da maratona.
Em Barcelona (1992) e Atlanta (1996) assistiu-se a uma verdadeira ‘romaria’ portuguesa, com 101 atletas na Catalunha, sem resultados à altura, e 107 nos Estados Unidos, onde Fernanda Ribeira selou o terceiro ouro luso, nos 10.000 metros, e a vela regressou ao pódio 36 anos depois.
Nas últimas quatro edições, a representatividade baixou, mas Portugal não mais falhou as medalhas – a edição de 1992 foi a última em ‘branco’ –, com dois bronze em Sydney (2000), com 62 atletas, e duas pratas e um bronze em Atenas (2004).
Em Pequim (2008), Nelson Évora (triplo salto) selou o quarto ouro para Portugal, que levou 77 atletas à China e menos um a Londres (2012), onde a delegação lusa, com um recorde de 32 mulheres, foi salva pela prata dos canoístas Emanuel Silva e Fernando Pimenta (K2 1.000 metros).
No Rio2016, uma delegação de 92 atletas, incluindo 18 futebolistas, voltou a conseguir só uma medalha, de bronze, por intermédio de Telma Monteiro (-57 kg), umas de 30 mulheres presentes.
Tóquio2020 ‘rebentou’ a escala, com quatro medalhas, feito inédito, um ouro, de um dos estreantes, Pedro Pichardo, no triplo salto que ‘deu’ a prata a Patrícia Mamona, e dois bronzes, de Jorge Fonseca e Fernando Pimenta.