A governante falava à margem da sessão de encerramento da reunião anual de três comissões temáticas do Conselho das Comunidades Portuguesas, em Lisboa.
“Nós queremos estar perto das comunidades e estamos perto das comunidades”, sublinhou Berta Nunes, sublinhando que houve uma mobilização da representação diplomática portuguesa na África do Sul para responder aos pedidos de informação.
Segundo a secretária de Estado, as autoridades portuguesas partiram “imediatamente” para “o acompanhamento da situação”.
“Fizemos reuniões com seu embaixador e o embaixador fez uma carta para a comunidade logo na terça feira, disponibilizando os contactos do consulado de Joanesburgo, onde se passaram vários distúrbios, na província de Gauteng, e fez todos os contactos possíveis com a comunidade”, apontou.
Berta Nunes referiu que a maioria dos contactos locais foram para pedidos de informações e que não houve qualquer “pedido para sair do país”.
“Não tivemos nenhum pedido para sair do país, porque, na verdade, a nossa comunidade já passou por situações graves na África do Sul. Já sofreu, ao longo do tempo, várias vicissitudes e a nossa comunidade já tem a capacidade e resiliência e a organização suficiente e o conhecimento para poder, nestas situações, se organizar e se proteger”, afirmou Berta Nunes.
“Foi isso que nos aconteceu, o que nos apraz dizer – e estamos muito satisfeitos por poder dizer – que não há nenhuma morte, não há nenhum ferido grave”, acrescentou a governante.
Sobre os comércios de portugueses que foram vandalizados e saqueados, a secretária de Estado diz já ter havido contactos com todas as situações conhecidas.
“O que verificamos é que a grande maioria tem seguros e que, do ponto de vista dos prejuízos materiais, essa situação estará, na grande maioria das situações, assegurada”, concluiu.
Após a detenção do ex-presidente Jacob Zuma, a África do Sul mergulhou em protestos e pilhagens sem precedentes na história recente do país.
A Presidência da República sul-africana garantiu hoje o regresso à normalidade no país, após oito dias de extrema violência que já causou pelo menos 212 mortos e mais de 2.550 detenções.
Estima-se que vivam cerca de 450.000 portugueses e lusodescendentes na África do Sul, dos quais pelo menos 200 mil em Joanesburgo e Gauteng, e 20.000 no KwaZulu-Natal, mas segundo um conselheiro da diáspora madeirense no país não há cidadãos nacionais entre as vítimas.
Cerca de uma centena de negócios de seis grandes empresários portugueses, incluindo filhos de madeirenses, no setor alimentar e de bebidas, foram saqueados e vandalizados.