O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) aprovou hoje, por unanimidade, a inscrição de 20 novos partidos, entre eles a aliança opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD), nas eleições regionais e municipais de novembro.
O anúncio foi feito pelo presidente do CNE, Pedro Calzadilla, que explicou aos jornalistas que 12 dos novos partidos são de caráter regionais e que além da MUD participarão os partidos com dimensão nacional Força de Vizinhança, Convergência, Ativistas Democráticos Eleitorais e Alternativos, Movimentos Centrados, Movimento Progressista, Suma País, e União e Câmbio.
“Vamos às eleições nacionais com 42 organizações com fins políticos nacionais que estão em vigor para participar então nas eleições de 21 de novembro”, anunciou Pedro Calzadilla, precisando que há 64 partidos de caráter regional.
A MUD foi a aliança opositora com a qual a oposição conseguiu obter a maioria nas eleições parlamentares de 2015 e segundo a imprensa local, é o partido mais votado da história recente venezuelana.
Em 2018 foi “inabilitado” pelo Supremo Tribunal de Justiça (STJ), organismo que acusou os seus integrantes de “dupla militância” uma vez que faziam parte dos partidos e da aliança Mesa de Unidade Democrática que os integravam.
A MUD, que reuniu partidos como Ação Democrática, Primeiro Justiça (do ex-candidato presidencial Henrique Capriles Radonski) e Vontade Popular (do opositor Leopoldo López – exilado em Espanha- e do qual fez parte o presidente do parlamento Juan Guaidó), Causa R e Bandeira Vermelha, entre outros, dissolveu-se após a decisão do STJ.
Segundo Pedro Calzadilla a aceitação das inscrições dos novos partidos opositores faz parte do espírito que reúne o novo Poder Eleitoral venezuelano a favor da restituição dos direitos e garantias políticas na Venezuela.
Por outro lado, explicou que até 15 de julho os venezuelanos poderão atualizar os dados eleitorais.
Calzadilla explicou também que “uma missão técnica avaliará as condições políticas e logísticas, para permitir a participação [como observador] da União Europeia nas eleições de 21 de novembro”.
Também que o CNE tem mantido reuniões com os partidos políticos venezuelanos para debater sobre a normativa eleitoral que regerá a campanha para as “megaeleições”.
A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando o então presidente do parlamento, o opositor Juan Guaidó jurou publicamente assumir as funções de presidente interino do país, até afastar o Presidente Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas no país.
Em dezembro de 2019 a Venezuela realizou eleições parlamentares, em que a oposição aliada de Juan Guaidó não participou alegando irregularidades. Além das forças políticas que apoiam o regime participaram opositores que se desligaram de Juan Guaidó, mas que a oposição os acusa de serem pró-regime.
Entre eles estavam representantes dos partidos opositores Ação Democrática e Primeiro Justiça, entre outros, que foram alvo de intervenção pelo Supremo Tribunal de Justiça que impôs novas autoridades.