O anúncio foi feito pelo cardeal Baltazar Porras, arcebispo de Mérida e administrador apostólico da Diocese de Caracas.
“O nosso papel não queremos que seja de mediador, mas de facilitador. Chegar a um diálogo ou negociação não é sentar-se a ver, porque os problemas já estão aí, tem que se basear na vontade política do que queremos e para onde queremos ir”, disse aos jornalistas.
Baltazar Porras explicou que se procura uma negociação que “não pode ser simplesmente com paninhos quentes que não solucionam os problemas, mas para alcançar soluções reais”.
O arcebispo advertiu que “prolongar” a crise política, económica e social na Venezuela, “não trará nem paz nem bem-estar em todo o continente” latino-americano.
Nesse sentido, defendeu ser “indispensável” que os integrantes (sacerdotes e religiosos) da Igreja Católica na Venezuela e o pessoal sanitário sejam imunizados contra a Covid-19.
“Vários sacerdotes faleceram, já passam de 26 no país, contagiados por servir e por estarem perto com as pessoas”, frisou.
Segundo Baltazar Porras, a Venezuela necessita de um plano de vacinação “que não exclua uns ou outros”, que abranja toda a população.
“O principal problema do venezuelano está na sobrevivência, necessita de alimentação e saúde, daí a importância de vacinar-se (…) Estamos disponíveis para ajudar no processo de vacinação, não para uma fotografia, mas para conseguir vacinar as pessoas”, frisou.
A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro 2019 quando o presidente da Assembleia Nacional (parlamento), o opositor Juan Guaidó, jurou publicamente assumir as funções de Presidente interino do país até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas no país.
Em 16 de maio de 2021, Juan Guaidó afirmou que tem estado em conversações para que uma delegação da Noruega visite em breve a Venezuela, para mediar o diálogo entre a oposição e o Governo do Presidente Nicolás Maduro.
Guaidó anunciou também que a oposição está pronta para avançar com um acordo para “salvar a Venezuela” da crise em que está mergulhada e voltou a insistir que o país precisa de eleições livres e transparentes.
O plano proposto por Guaidó prevê também “a entrada maciça de ajuda humanitária e vacinas contra a Covid-19; garantias para todos os atores das forças democráticas e também do ‘chavismo’, com mecanismos para a reinstitucionalização da Venezuela, a libertação dos presos políticos, justiça de transição e o levantamento progressivo das sanções” internacionais.
O Presidente Nicolás Maduro reagiu e anunciou estar disposto a dialogar, quando a oposição quiser, “com a ajuda da União Europeia, EUA, Noruega e Grupo de Contacto”, afirmando querer ver se a oposição deixa “o caminho da guerra e se junta ao eleitoral”.
Em 27 de maio de 2021, Nicolás Maduro, disse que só negociará com a oposição venezuelana, aliada de Juan Guaidó, se forem levantadas imediatamente as sanções internacionais contra o país, entre outras condições.
Maduro quer também que seja reconhecido o parlamento eleito nas legislativas de dezembro de 2018, em que a oposição não participou, e libertadas as contas bancárias bloqueadas no estrangeiro e os ativos da empresa petrolífera estatal e do Banco Central da Venezuela.