A investigação do jornal norte-americano baseou-se em dados recolhidos em vários países que usaram sobretudo vacinas chinesas, incluindo as Seychelles, a Mongólia ou o Chile.
Os três países confiaram, pelo menos em parte, em vacinas chinesas de fácil acesso, o que lhes permitiu executar ambiciosos programas de vacinação. Porém, os três registam agora recordes de novos casos diários.
A China lançou uma campanha de diplomacia das vacinas no ano passado, comprometendo-se a fornecer uma injeção que seria segura e eficaz na prevenção de casos graves da doença.
Na altura, a eficácia da vacina era ainda desconhecida, mas, à medida que as campanhas de vacinação progrediram em vários países, tornou-se claro que as inoculações desenvolvidas pelo país asiático têm baixa eficácia na prevenção da propagação do vírus, particularmente as variantes mais recentes.
O NYT apontou que o estudo revelou uma dura realidade que enfrenta o mundo pós-pandemia: o grau de recuperação pode depender das vacinas que os governos administram aos seus cidadãos.
Nas Seychelles, Chile, Bahrein ou Mongólia, cerca de dois terços das respetivas populações foram vacinadas, sobretudo com inoculações desenvolvidas pelos dois fabricantes chineses de vacinas: a Sinopharm e o Sinovac Biotech.
Mas todos os quatro estão entre os 10 países com os surtos mais graves da doença, indicou o jornal.
"Se as vacinas fossem boas o suficiente, não devíamos ter este padrão", disse Jin Dongyan, virologista da Universidade de Hong Kong.
Nos Estados Unidos, cerca de 45% da população está totalmente vacinada, principalmente com doses feitas pela Pfizer-BioNTech e Moderna. Os casos diários caíram 94% em seis meses.
Israel forneceu injeções da Pfizer e tem a segunda maior taxa de vacinação do mundo, depois das Seychelles. O número de novos casos de covid-19 confirmados diariamente por milhão de habitantes em Israel está agora em cerca de 4,95.
Nas Seychelles, que dependia principalmente do Sinopharm, esse número ultrapassa os 716 casos por milhão.
Disparidades como estas podem criar um mundo no qual três tipos de países emergem da pandemia: as nações ricas que usaram os seus recursos para garantir as vacinas Pfizer-BioNTech e Moderna, os países mais pobres que estão longe de imunizar a maioria dos cidadãos, e em seguida, aqueles que estão totalmente inoculados, mas apenas parcialmente protegidos.