Em declarações à chegada ao palácio presidencial do Planalto, o general Mourão acrescentou que a previsão é de que os militares possam voltar à Amazónia na próxima semana e permaneçam na região por, pelo menos, dois meses.
Mourão, que comanda o Conselho Nacional da Amazónia Legal, responsável pelas políticas de preservação da região, garantiu que o custo da nova operação pode chegar a 50 milhões de reais (cerca de oito milhões de euros) e que o Ministério da Economia já garantiu recursos para esse fim, apesar da rígida política fiscal do país.
“Estamos a planificar a operação detalhadamente, para que possamos atacar de forma intensiva nos locais onde se está a registar a maior parte do problema [desflorestação]”, disse o general.
Apesar da intervenção dos militares, a desflorestação na Amazónia, que atingiu níveis recorde nos primeiros dois anos do Governo de Bolsonaro, continuou a crescer em 2021.
Nos primeiros cinco meses deste ano, foram desflorestados 2.336 quilómetros quadrados, área 14,6% superior à registada ao mesmo período do ano passado, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos Espaciais (INPE), órgão governamental.
Desde que Bolsonaro assumiu o poder, em janeiro de 2019, a devastação da maior floresta tropical do mundo atingiu níveis históricos no Brasil e as suas políticas ambientais têm sido duramente criticadas por organizações ambientais.
Jair Bolsonaro defende a exploração dos recursos naturais da Amazónia, inclusive em reservas indígenas, e flexibilizou o controlo de atividades que atacam diretamente o ambiente, como a mineração e o comércio de madeira, praticados principalmente de forma ilegal naquela região.
Esta será a terceira vez, nos últimos dois anos, que militares são autorizados a participar em operações de combate a crimes ambientais na Amazónia.
A última operação mobilizou 3.400 militares entre novembro de 2020 e abril deste ano.
O primeiro envio de membros do Exército, Aeronáutica e Marinha para a Amazónia, entre maio e outubro do ano passado, foi autorizado por Bolsonaro em reação às crescentes críticas à suposta omissão do Governo diante da devastação de região e ao seu discurso anti-ambientalista.
Os militares passam a assumir parte das atividades que eram exercidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão que, como outros na área, sofreu severos cortes orçamentários e de recursos humanos desde o início do atual executivo.