O PAN afirmou-se no VIII Congresso o único partido ambientalista e animalista em Portugal que, dez anos depois, “veio para ficar” e, manifestando-se disponível para negociações orçamentais, impôs como prioridade o combate à “emergência climática”.
Inês Sousa Real, que faz hoje 41 anos, foi eleita porta-voz do partido para os próximos dois anos, substituindo André Silva, que foi, em 2015, o primeiro deputado daquela força política no parlamento e hoje volta à condição de filiado de base.
"Se um Estado se define também pelo seu Orçamento, então o Orçamento do Estado deve ser sim, e sempre, um Orçamento ambientalista, um orçamento animalista, que também seja promotor de um maior respeito por todas as formas de vida", frisou Inês Sousa Real, no discurso de encerramento.
A líder do PAN dirigiu-se ao Primeiro-ministro, António Costa, afirmando que o partido vai exigir "mais" nas negociações do Orçamento do Estado para 2022, apontando o combate à "emergência climática" como prioridade.
"E esta é a nossa mensagem clara para o Governo de António Costa: queremos mais, exigimos mais do Governo", disse.
Em seguida, deixou um “caderno de encargos” abrangente e genérico: "proteger os oceanos, as florestas, os animais, reduzir o número de pessoas em risco e em situação de pobreza, o número de pessoas sem acesso à saúde e ao trabalho, reaproximar o ordenado mínimo da média europeia e trabalhar para um melhor nivelamento do salário médio".
Perante cerca de 130 delegados, numa sala do Hotel dos Templários, em Tomar, Inês Sousa Real declarou a intenção de levar o partido às eleições legislativas de 2023 “para ser governo”.
A nível regional, afirmou que espera a eleição de um deputado na Região Autónoma da Madeira.
Dez anos depois da criação do PAN, a nova líder vê sinais sólidos de crescimento do partido que, disse, "veio para ficar".
A nível interno, Inês Sousa Real pediu união e reafirmou o PAN como partido que não é de esquerda nem de direita, tal como André Silva tinha pedido no seu discurso de despedida, no sábado, quando disse que o Pessoas-Animais-Natureza é maior do que qualquer “gaveta ideológica”.
“É importante que o PAN, enquanto partido de charneira, continue a ser capaz de construir pontes para conseguir avanços nas causas, que não se transforme num partido do sistema, que não se institucionalize, ou seja, que não normalize o discurso, que não corrompa as suas linhas programáticas adoçando-as", disse André Silva, que foi no final dos trabalhos homenageado pelos congressistas.
Nas palavras de Inês Sousa Real: "Conseguimos o que há dez anos nos parecia impossível concretizar. Hoje estamos aqui com um desafio e uma responsabilidade enorme nas mãos, o desafio de crescer ainda mais" e ser "um partido unido".
Neste Congresso foi aprovada a criação de uma estrutura partidária para a juventude, de um Conselho Nacional Consultivo, e a limitação de mandatos do/a porta-voz a três anos.
Além da estratégia global para os próximos dois anos, os delegados – que votaram com um cartão "impresso em papel reciclado e com tintas ecológicas" – aprovaram mais de 20 moções setoriais, desde os incentivos à utilização de fraldas reutilizáveis nas creches até à adoção de rações vegetais para animais e a esterilização abrangente dos animais de companhia.
Ao segundo dia, o debate das moções setoriais foi dominado pela causa animal e terminou com a aprovação de um voto de pesar pelos animais vítimas de incêndios e maus tratos, cumprindo-se um minuto de silêncio.
Durante o VIII Congresso, que decorreu no Hotel dos Templários, os delegados usaram máscaras de tecido oferecidas pelo partido, que tiravam para intervir.
Na sala, com uma lotação máxima para 600 pessoas, não podiam estar mais de 190, com gel alcóolico à disposição. Como medida de segurança, não foram instaladas mesas e os delegados tinham cadeiras distanciadas.