Num discurso no âmbito da Semana Parlamentar Europeia, coorganizada pelo Parlamento Europeu e pela Assembleia da República, no quadro da dimensão parlamentar da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia (UE), Kristalina Georgieva admitiu que a sua "maior preocupação" para 2021 é que "o ‘Grande Confinamento’ de 2020 se tranforme numa ‘Grande Divergência’ em 2021".
"A divergência é mais profunda no mundo em desenvolvimento, onde metade dos países que normalmente costumavam acelerar os níveis de rendimentos para os níveis dos seus pares mais ricos estão agora a ficar para trás. Mas é um risco também para a UE", disse a responsável búlgara no discurso realizado a partir de Washington, por videoconferência.
Apesar de o FMI estar a prever uma recuperação económica mundial de 5,5% e de 4,2% para a União Europeia, "o caminho para a recuperação é altamente incerto e, mais importante, desequilibrado", afirmou Kristalina Georgieva.
"É incerto por causa da atual corrida entre o vírus e as vacinas. Desequilibrado por causa da diferença das posições de partida, estruturas económicas e capacidade de responder – causando um crescimento de desigualdades tanto entre como dentro dos países", afirmou a economista responsável pelo FMI.
A diretora-geral salientou que, por exemplo, "os tradicionais destinos turísticos experimentaram contrações muito mais agudas – mais de 9% em Espanha, Grécia e Itália – comparando com uma contração média de 6,4% na UE".
Além disso, o FMI aponta para que no final de 2022 "o rendimento ‘per capita’ dos mercados emergentes da Europa Central e da Europa de Leste estarão 3,8% abaixo das projeções pré-crise, comparado com uma queda de 1,3% das economias avançadas da UE – um impacto negativo quase três vezes maior que abrandará o ritmo de convergência", assinalou Georgieva.
C/Lusa