As fraudes na internet dispararam porque existe uma procura que não é atendida pelas vias legais e a pressa ou o desespero de algumas pessoas para se imunizarem levam-nas ao mercado ilegal, escreve a agência Efe.
Na net obscura oferecem-se vacinas falsas com nomes de distintas farmacêuticas, com preços desde 120 dólares (98,4 euros) até mais de mil dólares.
Estes produtos, em caso de existirem, podem conter material tóxico muito nocivo para a saúde.
“Creio que muitas dessas vacinas não existem em absoluto: É uma fraude em sentido estrito. Se compras, não recebes nada. É uma forma muito fácil de tentar ganhar dinheiro”, explicou à Efe o maior perito das Nações Unidas em cibercriminalidade, Neil Walsh.
"E no caso de se receber algo, pode estar-se seguro de que não será a vacina real. No melhor dos casos será um placebo e no pior pode ter elementos químicos prejudiciais”, resumiu Walsh, diretor do programa contra a cibercriminalidade da agência das Nações Unidas contra a Droga e o Delito (ONUDD).
Mesmo no improvável caso de ser uma embalagem de vacinas autênticas roubadas, seguramente não foi mantida em condições sanitárias para o seu uso – como a cadeia de frio – sublinhou o especialista.
Walsh assegurou que nunca se deparou no submundo da Web com vacinas autênticas, apesar de reconhecer que o seu departamento precisa de meios para rastrear em profundidade todos os ângulos.
Muitas dessas fraudes com produtos inexistentes ou falsos não pretendem apenas ganhar umas centenas de dólares, mas aceder a algo muito mais valioso: os dados pessoais dos compradores.
“Um dos produtos mais fáceis de vender no mundo cibercriminal são os dados pessoais. Se alguém tem o teu correio eletrónico, nome, data de nascimento, morada e número de telefone, todos esses dados juntos são muito úteis para delinquentes que procuram assumir a tua identidade”, disse.
Além da fraude, a preocupação de Walsh é a desinformação e os efeitos negativos que estes fármacos falsos podem ter, ao gerarem dúvidas sobre as vacinas autênticas.
O conselho: não comprar nunca estas vacinas na internet e utilizar o senso comum.
“Se nem governos puderam aceder a vacinas ou comprá-las, como é que eu encontrei uma na net?”, resumiu o perito da ONU.
O problema com medicamentos falsificados é muito anterior à pandemia. A ONUDD denuncia há anos que o crime organizado ganha milhares de milhões de dólares a vender medicamentos falsos.
C/Lusa