A sessão parlamentar opositora teve lugar de maneira virtual e decorreu ao mesmo tempo em que nos espaços físicos da Assembleia Nacional (parlamento) tomavam posse os deputados eleitos nas legislativas de dezembro último, escrutínio em que a oposição aliada a Juan Guaidó não participou, denunciando fraude.
“Ao não haver deputados legitimamente eleitos para este novo período legislativo, corresponde ao Parlamento, eleito em 2015, continuar em funções, até que haja uma eleição válida”, disse hoje Juan Guaidó.
O líder opositor insistiu que cabe aos deputados eleitos em 2015 “encontrar uma solução” que defenda os venezuelanos, a Constituição e a Assembleia Nacional e apelou à comunidade internacional a que apoie os distintos mecanismos de solução ao conflito político venezuelano.
“A liberdade da Venezuela é o único mandato encomendado a este Parlamento (…) o reconhecimento da comunidade internacional não é um obséquio amável à sociedade civil, é uma conquista, uma luta diária contra uma ditadura que tem as residências dos nossos deputados cercados”, disse.
Juan Guaidó sublinhou ainda que a oposição vai continuar a trabalhar em 2021 para conseguir a transição política, sublinhando que “as transições se construem”.
Na ocasião, Guaidó nomeou outros líderes opositores, como Henrique Capriles Radonski, Maria Corina Machado, Henry Ramos Allup, Leopoldo López, Manuel Rosales e Omar Barbosa, de quem disse que “tanto fizeram pelo país” e insistiu na necessidade da reconstrução e se alcançar uma via definitiva “para uma transição para a democracia”.
“Cabe-nos representar milhões de venezuelanos que querem uma mudança, porque vamos conseguir a liberdade da Venezuela”, acrescentou.
Na sessão virtual, em que participaram mais de 100 deputados, Juan Pablo Guanipa e Carlos Berrizbeitia, tomaram posse como vice-presidentes do “velho” parlamento opositor, e Wilfredo Febres Peñalver, como secretário, até que no país se realizem “eleições livres, justas e verificáveis”.
Antes da sessão a equipa de Juan Guaidó denunciou que viaturas do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional da Venezuela (SEBIN, serviços de informação) mantinha cercada a casa do líder opositor e que a sede do parlamento estava militarizada.
A oposição venezuelana, liderada por Juan Guaidó, não reconhece Nicolás Maduro como Presidente da Venezuela e denuncia alegadas irregularidades nas eleições presidenciais antecipadas de 2018, acusando o chefe de Estado de estar a "usurpar" o poder.
A Venezuela tem, desde janeiro de 2020, dois Parlamentos parcialmente reconhecidos, um de maioria opositora, liderado por Juan Guaidó, e um pró regime do Presidente Nicolas Maduro, liderado por Luís Parra, que foi expulso do partido opositor Primeiro Justiça, mas que continua a afirmar ser da oposição.
A crise política, económica e social na Venezuela agravou-se desde janeiro de 2019, quando Guaidó jurou assumir as funções de Presidente interino do país até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres e democráticas.