O virologista Pedro Simas, do Instituto de Medicina Molecular de Lisboa, considerou hoje ser “pouco provável” que a nova estirpe do coronavírus responsável pela covid-19 tenha “impacto gigantesco” na vacina.
“Temos de aguardar e estar atentos, não é expectável que tenha um impacto gigantesco”, mas “é muito precoce estar a especular em relação a isso”, disse à Lusa Pedro Simas.
Em relação ao facto de a nova estirpe detetada no sudeste do Reino Unido ser 70% mais eficaz na disseminação do vírus, o especialista defendeu que “se as pessoas usarem máscara e respeitarem as regras de distanciamento tanto faz que a estirpe seja mais transmissível ou não, porque as medidas funcionam na mesma”.
Segundo Pedro Simas, este “não é um fenómeno novo, já aconteceu durante a pandemia várias vezes, estão sempre aparecer estirpes novas localizadas geograficamente, mas isso, de certa forma, é um bom sinal, é sinal de que não se está a reverter para estirpes mais virulentas, que provoquem doença mais grave”.
“Para já, não há motivos de preocupação, mas temos de estar atentos, vigilantes, porque ainda não há dados sobre a influência e o impacto que vai ter na vacina, mas é pouco provável que aconteça de uma maneira dramática”, sublinhou.
O virologista defendeu ainda que “é preciso ter alguma prudência da divulgação destas notícias” porque “se do ponto de vista da saúde das pessoas, estas estirpes que aparecem são menos virulentas”, por outro lado “é mau porque quanto mais infeções houver mais probabilidade há de infetar os grupos de risco que poderão desenvolver doença grave”.
“Aquilo que se está a tentar controlar é o número de infeções, não é esta variante provocar mais doença”, referiu, considerando que o aumento das restrições nas zonas de Londres e sudeste de Inglaterra anunciado pelo governo inglês “foi ajustado”.
O Primeiro-ministro britânico anunciou sábado que Londres e o sudeste de Inglaterra vão entrar novamente em confinamento, sendo proibidas as reuniões natalícias e encerrado o comércio não essencial para travar a propagação da covid-19 nas duas regiões.
“Não era desejável para Portugal, no momento em que estamos num planalto com muitas infeções diárias, que tivéssemos uma estirpe que nos aumenta o número de casos”, disse Pedro Simas, lembrando que “os grandes disseminadores deste vírus são os assintomáticos ou os ligeiros, com poucos sinais clínicos”.