“Tenho de ver… Tenho de ver. Não vou dizer apenas que sim. Não vou dizer que não e também não o fiz da última vez”, afirmou Trump durante uma longa entrevista ao canal Fox News, enquanto a campanha de Biden respondeu que “o povo norte-americano vai decidir esta eleição e o governo dos EUA é perfeitamente capaz de escoltar invasores para fora da Casa Branca”.
Trump criticou ainda os dirigentes do Pentágono por estarem a favor de renomear bases militares que honram líderes militares da confederação – um impulso à mudança empurrado pelo debate nacional sobre o racismo depois da morte de George Floyd -, com o Presidente a afirmar que não quer “saber do que o os militares dizem”.
O Presidente continuou a toada crítica ao descrever o diretor do instituto de doenças infecciosas no país, Anthony Fauci, como “um pouco alarmista” acerca da pandemia da covid-19, e manteve o que havia dito em fevereiro, de que “o vírus vai desaparecer”.
“Eu estarei certo no final”, disse, numa altura em que os Estados Unidos são o país mais afetado pela doença em todo o mundo, com mais de 140 mil mortes e 3,7 milhões de infeções confirmadas.
A popularidade do Presidente tem vindo a diminuir devido à maneira como tem lidado com o coronavírus e no rescaldo dos protestos nacionais e globais centrados na justiça racial que irromperam depois da morte de George Floyd às mãos da polícia em Minneapolis, no Estado do Minnesota, há dois meses.
Trump afirmou que uma série de sondagens que mostravam a deterioração da sua popularidade e uma vantagem de Biden na corrida à Casa Branca eram defeituosas, acreditando que os eleitores republicanos estão sub-representados nessas pesquisas.
“Antes de mais, não estou a perder, porque essas sondagens são falsas. Eram falsas em 2016 e agora são ainda mais. As sondagens eram bem piores em 2016”, prosseguiu na entrevista à Fox News transmitida este domingo.
Durante a entrevista, Trump estava particularmente combativo com o moderador da Fox News Chris Wallace na defesa à resposta da Administração à pandemia, falando sobre o movimento Black Lives Matter (“Vidas Negras Importam”) e tentando retratar Biden como desprovido de capacidade mental para servir como presidente.
Entre os tópicos discutidos estava a pressão para mudanças generalizadas que varreram a nação, com o Presidente a dizer que entende o porquê de os afro-americanos estarem chateados sobre o uso desproporcional de força que a polícia exerce contra eles.
“Claro que sim, claro que percebo”, afirmou, acrescentado a expressão habitual de que “os brancos também são mortos”.
Além disso, disse ainda que não estava “ofendido pelo movimento Black Lives Matter”, mas ao mesmo tempo defendeu a bandeira da confederação, um símbolo de racismo no passado, e descreveu que “orgulhosamente têm as bandeiras da confederação não estão a falar sobre racismo”.
“Eles amam as bandeiras, elas representam o Sul e eles gostam do Sul. Isso é liberdade de expressão. E toda aquela coisa da ‘cultura de cancelamento’, não podemos cancelar a nossa história. Não podemos esquecer que o norte e o sul lutaram entre si. Temos de nos lembrar disso, senão vamos acabar por lutar novamente. Não podemos cancelar tudo”, apontou.
Trump defendeu também a sua promessa de vetar uma lei da Defesa de 740 mil milhões de dólares (650 mil milhões de euros) por causa do requerimento para que o Departamento da Defesa mude os nomes de bases que tenham nomes de líderes militares da confederação. Essa lista inclui o Forte Bragg, na Carolina do Norte, Forte Hood, no Texas, e o Forte Benning, na Georgia.
O Presidente argumentou que não havia alternativas viáveis, mesmo que o governo tentasse.
“Vamos dar o nome do reverendo Al Sharpton? Como é que o vamos chamar”, questionou Trump, referindo-se ao proeminente líder dos direitos civis.
Sobre o coronavírus, Trump repreendeu novamente Fauci, e repetiu as falsas alegações de que toda a gente tem acesso a testes e que o aumento dessa testagem é a única razão pela qual os EUA têm um aumento de casos.
Os casos têm aumentado porque as pessoas se têm contaminado mais umas às outras agora do que quando estavam em confinamento. A percentagem de resultados positivos nesses testes está em crescimento em quase todo o país.
C/Lusa