De acordo com o especialista, "as vacinas em desenvolvimento devem gerar proteção mais forte e mais durável contra infeções naturais ou ser administradas regularmente".
"Se a infeção fornecer níveis de anticorpos que caem em dois a três meses, a vacina potencialmente fará o mesmo" e "uma única injeção pode não ser suficiente", afirmou ao jornal Guardian Katie Doores, autora do estudo.
O estudo, realizado por investigadores da universidade britânica King’s College London, ainda não foi validado pelo escrutínio de outros investigadores não envolvidos.
Os investigadores estudaram a resposta imunológica em mais de 90 casos confirmados (incluindo 65 por testes virológicos) e que demonstram que os níveis de anticorpos neutralizantes, capazes de destruir o SARS-CoV-2, o coronavírus que provoca a doença covid-19, atingem o pico médio em torno de três semanas após o início dos sintomas, depois declinam rapidamente.
Segundo os exames de sangue, mesmo doentes com sintomas leves tiveram uma resposta imune ao vírus, mas geralmente menos do que nas formas mais graves.
Apenas 16,7% dos pacientes ainda apresentavam altos níveis de anticorpos neutralizantes 65 dias após o início dos sintomas, indica o estudo, que levanta dúvidas sobre a questão da imunidade coletiva, assente na ideia de que após uma alta percentagem da população ser infetada, a imunidade generalizada seria uma forma de erradicar a pandemia.
Especialistas apontam, no entanto, que a imunidade não se baseia apenas em anticorpos, o corpo também produz células imunes (B e T) que desempenham um papel na defesa da doença.
"Mesmo que não tenha anticorpos circulantes detetáveis, isso não significa necessariamente que não tem alguma forma de proteção, porque provavelmente possui células de memória imune que podem rapidamente entrar em ação para iniciar uma nova resposta imune se contrair o vírus novamente", argumenta o professor de imunologia viral Mala Maini, consultor da University College London.
Até que mais informações sejam recolhidas, "mesmo aqueles com um teste de anticorpos positivo – especialmente aqueles que não conseguem explicar onde podem ter sido expostos – devem continuar a ter cautela, distanciamento social e uso de uma máscara apropriada", adverte James Gill, professor clínico honorário da Warwick Medical School.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 569 mil mortos e infetou mais de 12,92 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.662 pessoas das 46.818 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
C/Lusa