Dados recolhidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), órgão governamental que faz a monitorização da destruição da Amazónia no Brasil, indicaram uma subida de 19,57% nos focos de incêndios apenas em junho.
Entre maio e junho, nos dois primeiros meses da estação seca na maior floresta tropical do planeta, as imagens de satélite detetaram um total de 3.077 incêndios, 12,5% a mais do que nos mesmos meses do ano passado, segundo o INPE.
As organizações ambientais que atuam no país têm denunciado o aumento de incêndios florestais durante a estação seca na amazónia brasileira, que geralmente dura até setembro, após altas taxas de desflorestação atingirem a região no ano passado.
Numa nota publicada hoje em seu ‘site’, a Greenpeace frisou que mesmo com a deslocação de agentes do Exército brasileiro para a região, as queimadas na Amazónia registaram o maior número de focos de calor em junho, desde 2007.
A organização não-governamental mencionou que depois de muitas críticas o Governo liderado pelo Presidente Jair Bolsonaro autorizou o emprego das Forças Armadas na Amazónia, mas esta resposta tem sido ineficiente para solucionar o problema das queimadas.
“Enquanto isso, órgão ambientais [do Brasil] que atuam de forma estratégica, com experiência e apoiados na ciência, vêm sofrendo redução drástica de autonomia, pessoal e orçamento, impactando fortemente suas operações de fiscalização, fundamentais para o combate da desflorestação”, frisou a Greenpeace.
A ONG ambientalista destacou que operações do Exército brasileiro na Amazónia custam por mês cerca de 60 milhões de reais (9,9 milhões de euros), montante equivalente a quase 80% do orçamento anual de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão governamental voltado para a proteção ambiental no país.
Segundo Romulo Batista, especialista da Greenpeace, essas operações não obtiveram o resultado esperado e o bioma permanece em risco.
“Com o início da temporada seca e com o fogo batendo à porta, o quadro que vem se desenhando é catastrófico em muitos sentidos. Tanto pela quantidade de árvores que estão sendo tombadas por conta dos incêndios, o que pode levar à morte animais e colocar em risco uma riquíssima biodiversidade, como pelo agravamento da vulnerabilidade das populações da Amazónia à covid-19”, afirmou Batista.
Segundo um outro balanço preliminar do INPE, os alertas de desflorestação na Amazónia brasileira aumentaram 22% entre janeiro e maio.
Vários relatórios de organizações ambientais indicaram que, por trás da desflorestação e dos incêndios na Amazónia existem máfias compostas por pessoas que comercializam ilegalmente madeira, minerais e gado e ameaçam as comunidades indígenas que vivem na região.
Em 2019, houve um total de 89.178 incêndios que devastaram grandes áreas da floresta amazónica, 30% a mais do que no ano anterior.
Naquele ano, as imagens dos incêndios foram divulgadas pelo mundo e foram amplamente condenadas pela comunidade internacional e pela sociedade civil, que atribuíram o desastre ao discurso de Jair Bolsonaro, que defende a exploração dos recursos naturais em toda a Amazónia, incluindo reservas indígenas.
A Amazónia é a maior floresta tropical do mundo e possui a maior biodiversidade registada numa área do planeta, com cerca de 5,5 milhões de quilómetros quadrados, e inclui territórios do Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana, Suriname e Guiana Francesa (pertencente à França).