"É tempo de este governo e de esta maioria reconhecerem que o modelo de desenvolvimento que adotaram na região não responde às necessidades do presente e é incapaz de nos conduzir ao desenvolvimento sustentável das nossas ilhas", afirmou o deputado centrista Alonso Miguel, numa declaração política no plenário da Assembleia Legislativa Regional.
O centrista sublinhou que a "teoria de um polo centralista de crescimento" que o executivo regional "continua a sustentar conduz à concentração do investimento, agrava as diferenças” entre as ilhas e "contribui para uma periferia interna cada vez mais visível que apenas estagna e conduz ao declínio da economia" de várias ilhas.
O parlamentar do CDS deu vários exemplos de investimentos previstos ou prometidos e não efetivados ainda, a maior parte dos quais na ilha Terceira.
"Para os açorianos e para a região, é tempo de decidir bem. Os desafios que temos que enfrentar não se compadecem com mais decisões ineficazes, anúncios sem concretizar, bem como com investimentos desajustados e sem avaliação que, no essencial, não produzem resultados e apenas geram despesa", insistiu.
Na resposta, o secretário com a tutela dos Assuntos Parlamentares, Berto Messias, definiu a intervenção de Alonso Miguel como uma "metralhadora rotativa" que foi a "vários departamentos e várias questões" assentes em acusações de centralismo que “não fazem sentido e não correspondem minimamente à verdade".
"O Governo dos Açores não investe numa ilha em prejuízo de outra. Isso seria um erro estratégico clamoroso que poria em causa o desenvolvimento da nossa região", sublinhou.
Pelo PS, partido que suporta o Governo dos Açores, o deputado José San-Bento lembrou a atual crise de Covid-19, declarando-se surpreendido pelo "caderno" que o CDS apresenta nesta fase "como se nada se tivesse passado até aqui".
"Estamos numa fase de recuperação gradual e segura da nossa economia", lembrou o socialista.
O PSD, maior partido da oposição, sublinhou "desconhecer na totalidade" o que se passa com o plano de retoma para o setor da Saúde após o pico da pandemia de Covid-19.
"Na região não conhecemos estes números. Porquê? Onde está a transparência? Não podemos aceitar que 13 mil açorianos aguardem por uma cirurgia", sustentou a parlamentar social-democrata Mónica Seidi.
O único deputado do PCP no parlamento açoriano, João Paulo Corvelo, lembrou os problemas em torno dos trabalhadores despedidos na fábrica da conserveira Cofaco, no Pico, que “há que tempos estão à espera de ser ajudados".
O comunista advertiu ainda para o "desinvestimento" na área da Saúde, lamentando, por exemplo, que haja especialistas que “não vão à ilha das Flores há 10 meses".
No mesmo tom, a deputada independente Graça Silveira lamentou a "enorme dependência" do Serviço Regional de Saúde de "profissionais de fora dos Açores", o que ficou patente com a pandemia e a maior dificuldade de chegar de fora da região às ilhas.
O PPM, pelo deputado único Paulo Estêvão, abordou também a Covid-19 defendendo a postura "responsável" dos partidos na região, que "resistiram à tentação, próximos das eleições" no arquipélago, de atacar e "enfraquecer o Governo" dos Açores.
Contudo, este é agora o "momento de dizer que tudo o que está para trás nos últimos três anos em relação à governação do PS" na legislatura "não pode ser esquecido", acrescentou o monárquico.