“Estamos a falar de uma dívida brutal”, considerou o Ministro das Infraestruturas e da Habitação, depois de avançar aqueles números quase no final de uma audição parlamentar que durou cerca de cinco horas.
“Precisamos, no momento zero, de fazer uma intervenção de emergência que garanta a liquidez da empresa”, acrescentou o governante.
De acordo com Pedro Nuno Santos, uma “intervenção de emergência” na TAP não pode esperar muito mais e só depois se fará um plano estratégico, de restruturação e de negócios.
“Nós não conseguimos fazer um plano estratégico em 15 dias, isso não existe”, disse o Ministro aos deputados da Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, na Assembleia da República.
Questionado sobre o reembolso do valor dos bilhetes para voos cancelados no contexto da pandemia de Covid-19 em ‘vouchers’ (vales para usar em viagens futuras), o governante referiu que esse é um dossiê que ainda não está fechado e que o Governo percebe as exigências do ponto de vista dos consumidores.
“Agora a verdade é esta: nós sem TAP, nem ‘vouchers’, nem reembolso e nós vamos intervencionar a TAP e temos de fazê-lo de forma responsável, cautelosa”, sublinhou.
No dia 13 de maio, o secretário de Estado do Tesouro, Álvaro Novo, disse que o Governo espera ter uma decisão sobre a injeção de dinheiro na TAP, companhia aérea que quase parou devido à Covid-19, em meados de junho, esperando que haja uma melhor "fundamentação técnica" do pedido de auxílio da companhia aérea ao Estado até ao final do mês.
O secretário de Estado do Tesouro referiu que "o pedido de auxílio tem de partir da administração da TAP", referindo que o executivo já recebeu um pedido inicial que versava sobre "várias matérias", uma das quais a "garantia [pública] a um empréstimo que a TAP pretende obter", no valor de 350 milhões de euros.
O Ministro das Finanças, Mário Centeno, defendeu em 12 de maio que uma injeção repartida entre o acionista privado e o Estado seria "a forma mais tranquila de conversar" sobre uma capitalização da TAP.
O Primeiro-ministro, António Costa, assegurou no início de maio que só haverá apoio à TAP com "mais controlo e uma relação de poderes adequada", mas assegurou que a transportadora aérea continuará a "voar com as cores de Portugal".
Atualmente, devido à pandemia de Covid-19, a TAP tem a sua operação suspensa quase na totalidade e recorreu ao ‘lay-off’ simplificado dos trabalhadores.
Desde 2016 que o Estado (através da Parpública) detém 50% da TAP, resultado das negociações do Governo de António Costa com o consórcio Gateway (de Humberto Pedrosa e David Neeleman), que ficou com 45% do capital da transportadora.
Os restantes 5% da empresa estão nas mãos dos trabalhadores.
C/Lusa