“Com este novo procedimento, apenas vamos ser mais rigorosos no cumprimento dessas regras e cumpri-las em absoluto. Não vai ser apenas o ‘staff’ e o restaurante que vai cumprir, os nossos clientes vão ter também de cumprir as regras”, apontou à Lusa o ‘chef’ de cozinha Júlio Fernandes, proprietário do restaurante D’Bacalhau.
Na Tasca da Esquina, um dos sete restaurantes de Vítor Sobral, o cozinheiro sublinhou: “Atrevo-me a dizer que é muito mais seguro vir a um restaurante do que a um supermercado. Vai ter muito a ver com o comportamento que o público vai ter nos espaços comerciais”.
De acordo com as normas e recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS), os dois estabelecimentos vão ser higienizados várias vezes ao dia, será obrigatório realizar a higiene das mãos à entrada e a utilização de máscara na circulação pelos espaços será sempre aconselhada, entre muitas outras medidas.
“Vamos ter uma revolução na restauração. Comportamentos de décadas vão ser alterados”, avisou Júlio Fernandes, mas garantiu que “todos os estabelecimentos vão cumprir rigorosamente as regras que a DGS criou”, com maior ou menor dificuldade.
A restauração é um dos setores mais fustigados pela crise provocada pelo novo coronavírus, com Vítor Sobral a alertar que “o setor passou e vai passar mal nos próximos tempos”, e, por isso, é necessário obter ajudas do Estado para fazer face ao impacto económico.
“Se nós fechássemos, o Governo ia perder 320 ou 330 mil euros de impostos e ainda teria de pagar cerca de 120 mil euros de segurança social. Todas as medidas que o Governo puder ter para criar riqueza, deve fazer”, disse Vítor Sobral, que não quer “despedir ninguém”, referindo que todos os funcionários receberam “aquilo que tinham direito” durante a pandemia.
Nos dois espaços de restauração, devido à redução da lotação para 50%, o ‘staff’ não vai estar a trabalhar a 100%, com alguns funcionários a continuarem em regime de ‘lay-off’, o que levou Júlio Fernandes a afirmar a importância dos apoios do Estado, “para todos os custos que os restaurantes vão ter”.
“Vamos trabalhar com menos pessoas, mas também não faz sentido nenhum que essas pessoas fiquem no desemprego. A restauração foi a mola mais importante de criação de emprego em Portugal. Não vamos ser agora aqueles que mais vão contribuir para o desemprego”, explicou o ‘chef’, que lamentou a eventualidade de alguns restaurantes não conseguirem sobreviver, “face às exigências que são feitas”.
Se “a economia portuguesa vive com uma base muito sólida de turismo”, como afirmou Vítor Sobral, a impossibilidade de receber turistas nos próximos meses vai afetar igualmente o setor da restauração, que também costuma sofrer quebras no Inverno, e o ‘chef’ da Tasca da Esquina mostra-se receoso com essa descida, sobretudo “se o vírus vier de novo em força”.
No entanto, os dois estabelecimentos não pararam por completo durante os últimos dois meses, tendo apostado no serviço de ‘take-away’, que “não é a mesma coisa” e é “uma pequena aspirina” nas contas, servindo principalmente para “manter o vínculo com o cliente”, apontou.
“O nosso negócio é restauração pura e dura. Estamos a prestar um serviço que não deixou um euro de mais-valia”, referiu Júlio Fernandes, enquanto Vítor Sobral confessou ter sido importante porque “deu rentabilidade” e serviu “para a equipa se sentir ativa e que estava a participar nas necessidades da sociedade civil”.
O Governo aprovou na sexta-feira novas medidas que entram em vigor na segunda-feira, entre as quais a retoma das visitas aos utentes dos lares de idosos, a reabertura das creches, aulas presenciais para os 11.º e 12.º anos e a reabertura de algumas lojas de rua, cafés, restaurantes, museus, monumentos e palácios.
C/Lusa