"No essencial, e uma vez que o porto de Lisboa não está na dependência do Governo Regional, o que nós procurámos fazer, desde a primeira hora, foi sensibilizar o Governo da República, nomeadamente, os ministros das Infraestruturas e da Habitação e do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, enviando-lhes um ofício para que sejam tomadas medidas excecionais de salvaguarda do abastecimento da Região, não apenas quanto aos pré-avisos de greve das Administrações Portuárias que afetam a Madeira e o Porto Santo, mas também quantos aos condicionalismos à operação portuária", refere o Governo Regional numa nota enviada à agência Lusa.
O executivo, de coligação PSD/CDS-PP, diz tratar-se de "uma série de paralisações, algumas sob a forma de greve que estão agendadas e, outras, com o recurso a outros expedientes, como o absentismo ao serviço, as quais têm ocorrido no Porto de Lisboa e que têm vindo a afetar todos os restantes portos do continente e das regiões autónomas, com algumas faltas já notórias na Região, sobretudo ao nível dos bens de consumo do sector alimentar".
A Vice-Presidência adianta que "nos ofícios enviados, o Governo Regional da Madeira pede a intervenção de Pedro Nuno dos Santos e de Ana Mendes Godinho, por forma a garantirem que as operações marítimas de e para a Região sejam asseguradas".
Pretende-se assim evitar "prejuízos resultantes nas falhas de abastecimento de mercadorias à Madeira e ao Porto Santo, com especial incidência nos produtos frescos e perecíveis e artigos de saúde".
"Esta é uma situação que representa não apenas prejuízos financeiros para as empresas regionais de importação e exportação, mas também o comércio, restauração e hotelaria, que ficam privados de matérias-primas, com o consequente impacto negativo que isso representa para o turismo da Madeira e do Porto Santo", observa.
Como consequência destas dificuldades no Porto de Lisboa, o Governo Regional sublinha que "alguns empresários do sector das importações têm recorrido ao Porto de Leixões, reexpedindo a carga para o porto no norte do país, com um agravamento substancial de custos que, em alguns casos, ultrapassa o valor que irão pagar no transporte da carga de Lisboa para a Madeira".
"Outro aspeto a que foi dado também grande enfoque é o abastecimento de medicamentos e outros produtos e equipamentos de saúde, cuja rutura de fornecimento poderá colocar em causa a prestação da atividade assistencial por parte das entidades públicas e privadas da Região", alerta.
Os estivadores do Porto de Lisboa decidiram em 04 de fevereiro convocar uma greve de três semanas, de 19 de fevereiro a 090 de março, em protesto contra as quatro empresas de estiva que defendem uma redução de 15% no salário daqueles trabalhadores portuários.
"Os estivadores decidiram hoje, em plenário, avançar com três semanas de greve, de 19 de fevereiro a 09 de março, mas que é dirigida contra três empresas do grupo turco Yilport – Liscont, Sotagus e Multiterminal – e uma quarta empresa, TMB (Terminal Multiusos do Beato)", disse, nesse dia, o presidente do SEAL – Sindicato dos Estivadores e Atividade Logística.
Segundo António Mariano, de 19 a 28 de fevereiro, os estivadores só trabalham para aquelas quatro empresas no segundo turno e de 29 de fevereiro a 09 de março não haverá qualquer prestação de trabalho para essas empresas.
Hoje, em declarações à Lusa, o presidente do SEAL já tinha sublinhado que o pré-aviso de greve não abrange o grupo português ETE, que faz o carregamento de navios para a Madeira.
C/Lusa