O tribunal de Instância Central da Comarca da Madeira começou hoje o julgamento de uma rede de tráfico de haxixe, num processo em que são acusados 24 arguidos, cinco dos quais estão em prisão preventiva.
Tráfico de estupefacientes agravado é o crime em causa neste processo e as detenções dos arguidos ocorreram em 18 de julho.
Hoje, no banco dos réus, estão 19 acusados, entre os quais três mulheres, alguns também com pulseira eletrónica.
Em dois casos a audição aconteceu por videoconferência e dois outros arguidos faltaram, tendo sido determinada a separação do processo num dos casos e a emissão de mandados de captura no outro.
O processo envolve duas alegadas redes. Numa delas, descreve a acusação, um madeirense adquiria a droga no território continental, a baixos custos, e a outra era responsável pela distribuição do produto na região, sobretudo em dois bairros sociais da Madeira, o de Santo Amaro e o de Espírito Santo (Câmara de Lobos).
Durante a investigação, foram efetuadas cerca de 50 buscas domiciliárias e apreendidas seis encomendas com cerca de 300 placas de canábis em postos dos correios nos concelhos de Machico e Funchal.
Uma das bases da investigação foi um conjunto de escutas telefónicas.
Os arguidos manifestaram o desejo de prestar declarações, passando a audiência de julgamento à fase da audição de depoimentos.
Contudo, o alegado cabecilha não quis “por agora” falar sobre as remessas de drogas adquiridas e enviadas para a Madeira.
O coletivo é presidido pelo juiz Filipe Câmara, que resumiu a acusação declarando, sobre os arguidos, que “todos se dedicavam ao tráfico”.
O magistrado mencionou que uma das arguidas residentes no Bairro de Santo Amaro, que se encontra detida preventivamente, “tinha os filhos como colaboradores”.
“Não conheço ninguém desta rede excetuando os meus vizinhos, o meu irmão e os meus filhos”, afirmou a arguida.
A mulher negou ter tido “contactos para introduzir droga na cadeia”, mas admitiu ter “vendido ‘bloom’” e referiu que os filhos “mantinham negócios independentes”.
A arguida ainda afirmou estar arrependida: “Foi uma tontice para pagar os cartões de crédito” .
Um dos filhos alegou que o constante na acusação “não corresponde à verdade” e está “há uma ano e dois meses preso por um crime não cometido”.
O arguido confirmou que vendia ‘bloom’, mas sublinhou que a informação retirada das escutas telefónicas não está relacionada com compra ou venda de droga.
O tio deste arguido, que está a cumprir pena no âmbito de outro processo, também negou que os sobrinhos ou a irmã lhe tenham alguma vez levado droga para o Estabelecimento Prisional do Funchal.
Por sue lado, o ex-funcionário dos CTT confessou ter “ido aos correios levantar quatro encomendas”, sabendo qual o seu conteúdo, e assumiu que era consumidor de ‘bloom’.
O julgamento continua durante todo o dia de hoje.