O risco de propagação do vírus Zika na Europa subiu de baixo para moderado no final da primavera e no verão, sendo mais intenso em regiões periféricas como a Madeira ou a costa do Mar Negro, anunciou hoje a OMS.
"Os novos dados publicados hoje mostram que há um risco de propagação da doença do vírus Zika na região da Europa e que este risco varia de país para país", afirmou Zsuzsanna Jakab, diretor regional da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a Europa, num comunicado.
"Com esta avaliação de risco, a OMS quer informar e ajudar ao trabalho de preparação em cada país europeu baseado no nível de risco. Apelamos especialmente aos países com risco mais elevado para reforçarem as respetivas capacidades nacionais e para darem prioridade a atividades que previnam uma larga propagação do Zika", acrescentou.
Caso nada seja feito, a OMS prevê um risco moderado de contágio com o vírus em 18 países e elevado nas regiões limítrofes, designadamente, ilha da Madeira e na costa do Mar Negro, anuncia a OMS.
As regiões com presença do mosquito Aedes aegypti, o principal vetor de contágio, têm uma elevada probabilidade de transmissão do vírus Zika. Há 18 países com um risco médio de transmissão, devido à presença de uma segunda estirpe menos agressiva do mosquito, a Aedes albopictus. E há 36 países com pouca, muito pouca ou nenhuma probabilidade de transmissão do vírus devido à ausência do mosquito e de condições climáticas para a sua instalação.
Os inquéritos realizados pela OMS à capacidade de resposta por parte dos 51 países da Europa e do Liechtenstein revelam que 41 países (79%) têm uma boa e muito boa capacidade de resposta, ainda que as capacidades específicas variem substancialmente, indica o comunicado.
Do cruzamento das probabilidades de contágio e das capacidades de resposta, a OMS chega à conclusão que há um risco baixo a moderado de propagação na região da Europa do vírus a partir do final da primavera e durante o verão.
A OMS recomenda aos países e regiões com probabilidade moderada e elevada de contágio o reforço das atividades de controlo que previnam o aparecimento do mosquito e aumento das respetivas populações, e reduzam a sua densidade, em particular nas zonas com a presença doa subespécie Aedes aegypti.
A organização recomenda ainda apetrechamento dos profissionais de saúde com o equipamento adequado para rápida deteção do vírus e para reportarem o mais cedo possível a primeira ocorrência local, assim como eventuais complicações decorrentes de infeções, num prazo de 24 horas após diagnóstico
A OMS apela ainda ao encorajamento das populações para que reduzam os locais potenciais de reprodução do mosquito.
As pessoas em risco, especialmente grávidas, deverão ser alvo de medidas especiais de proteção contra a infeção, incluindo a transmissão sexual.
E, finalmente, os países com estes níveis de probabilidade de presença do Zika e contágio do vírus deverão empregar esforços redobrados para mitigar os seus efeitos e complicações.
Todos os restantes países deverão adotar estratégias de controlo de acordo com a probabilidade de transmissão local do vírus, detetando o mais cedo possível eventuais casos importados e facultando aconselhamento de saúde pública a viajantes em e para países afetados.
O vírus do Zika, transmitido pelo mosquito ‘Aedes aegypti’, provoca sintomas gripais benignos, mas está também associado a microcefalia, doença em que os bebés nascem com o crânio anormalmente pequeno e défice intelectual, assim como ao síndroma de Guillain-Barré, uma doença neurológica grave.
O Brasil, o país mais afetado pelo surto que começou no ano passado, já registou mais de um milhão e meio de casos, havendo registo de 1.271 casos de microcefalia ou outras malformações do sistema nervoso central suspeitos de ligação à infeção por Zika.