O anúncio foi feito pelo procurador-geral designado pela Assembleia Constituinte (composta unicamente por simpatizantes do regime), Tarek William Saab, que acusou ainda dois representantes diplomáticos da equipa de Guaidó de serem os autores materiais dos delitos imputados.
"Ele (Juan Guaidó) dirigiu pessoalmente a máfia de corrupção, uma vez que de maneira discricionária nomeou os cidadãos que desviaram os fundos e os usaram de maneira vergonhosa”, acusou.
Durante uma conferência de imprensa em Caracas o procurador-geral explicou que Juan Guaidó é o "autor moral" do alegado desvio de dinheiro de empresas venezuelanas no estrangeiro para contas pessoais e que os autores materiais vão ser acusados de "legitimação de capitais, corrupção e associação para cometer delitos".
Por outro lado, precisou que Caracas pedirá ao Governo colombiano que entregue provas documentais que mantém em seu poder.
A acusação surgiu de uma denúncia feita pelo portal digital Panam Post, que acusava Rossana Edith Barrera Castillo e Kevin Javier Rojas Peñaloza, designados por Juan Guaidó para administrar os fundos destinados a assistir a venezuelanos que se encontram em Cúcuta, cidade colombiana junto à fronteira com a Venezuela, de alegadamente se terem apropriado do dinheiro.
"Essas pessoas falsificaram faturas para fazer ver que pagavam hotéis onde se alojavam venezuelanos, mas que na realidade eram despesas pagas pelo Alto Comissariado da ONU para os Refugiados. Além disso, inflacionaram os números de alegados militares desertores que se encontravam em Cúcuta para justificar o esbanjamento de dinheiro", acrescentou o procurador.
Segundo Tarek William Saab trata-se de um facto de muita gravidade "pois o deputado Juan Guaidó, com o apoio dos Estados Unidos e outras potências estrangeiras, tem pretendido usurpar o cargo de Presidente da República e é chefe direto dos envolvidos".
A Venezuela atravessa uma grave crise humanitária, encontrando-se num impasse político desde janeiro deste ano, quando Juan Guaidó jurou assumir as funções de Presidente interino, alegando falta de legitimidade de Nicolás Maduro, eleito em 2017.
Segundo a agência da Nações Unidas para os refugiados, mais de quatro milhões de pessoas já saíram do país, desde 2015, com mais de um milhão destes a terem fugido desde o passado mês de novembro, em resultado da grave crise económica e social.
LUSA