"Infelizmente, a autonomia tem servido como arma de arremesso político. É uma autonomia que tem estado ao serviço do PSD para ser contra os madeirenses", disse perante dezenas de apoiantes à sua candidatura, nos jardins do Lido, no Funchal.
Paulo Cafôfo, que concorre como independente apoiado pelo PS às eleições legislativas de 22 de setembro, defendeu uma "autonomia de negociação e de responsabilidade", considerando que a mesma não pode servir para se estar "sempre a deitar as culpas para os outros ou de mão estendida perante Lisboa".
"Isto é indigno", afirmou, realçando que a autonomia é para os madeirenses e porto-santenses se afirmarem como "povo capaz de resolver os seus problemas".
"Eu quero que os madeirenses estejam unidos. Somos portugueses por inteiro, mas somos madeirenses em primeiro", disse.
Paulo Cafôfo, que renunciou ao mandato de presidente da Câmara Municipal do Funchal na quinta-feira, vincou, por outro lado, que a sua luta não é contra ninguém, nem contra o PSD, nem contra o governo regional liderado pelo social-democrata Miguel Albuquerque, que se recandidata nas eleições legislativas de 22 de setembro.
"É uma luta contra o desemprego que existe na nossa terra, é uma luta contra aqueles que têm necessidade e obrigatoriedade de emigrar porque não tem oportunidades na sua terra, é uma luta contra o abandono escolar, é uma luta contra a pobreza, é uma luta contra aqueles que são excluídos e são mais pobres e tem necessidade", declarou.
O candidato apoiado pelo PS disse que o seu projeto "não exclui ninguém", garantindo também que "ninguém é perseguido ou marginalizado".
"Junto-me aos que não se conformam para fazer a diferença", disse, realçando que a sua candidatura elegeu o setor da saúde como prioritário, inscrevendo desde logo na proposta de programa de governo uma verba de 75 milhões de euros para solucionar o problema das listas de espera nos hospitais públicos.
Paulo Cafôfo garante também a contratação de 100 médicos de famílias como aposta nos cuidados primários e promete também a desativação do Hospital dos Marmeleiros, no Funchal, e a "aquisição" de uma nova unidade hospitalar.
O programa de governo da candidatura destaca, por outro lado, uma aposta na economia do mar, com a contratação de 5.000 novos postos de trabalho em dez anos e uma previsão de 400 milhões de euros de investimento público e privado.
Paulo Cafôfo defende também um aumento de 30% do investimento na promoção do destino Madeira e garante que, caso seja eleito presidente do executivo regional, será lançado um concurso internacional nos primeiros 100 dias de governo no valor de 12 milhões de euros para estabelecer uma linha de ferry entre a região e o continente durante todo o ano.
Na apresentação da candidatura, foi exibida uma mensagem de apoio do secretário-geral do PS, António Costa.
Paulo Cafôfo tornou-se presidente da Câmara Municipal do Funchal em 2013 pela coligação Mudança (PS/BE/PTP/PAN/PND/MPT) e foi reeleito com maioria absoluta em 2017 pela coligação Confiança (PS, BE, JPP, PDR e Nós, Cidadãos!)
Até então, o município tinha sido liderado pelo PSD, partido que governa a Madeira desde 1976.
C/ LUSA