Na reunião, que decorreu na terça-feira em Caracas, participaram representantes da banca pública e privada do país, de operadoras de cartões de crédito e da rede interbancária venezuelana, tendo sido ativados três grupos de trabalho para encontrar alternativas.
Num comunicado, a entidade reguladora, designada Superintendência das Instituições do Setor Bancário da Venezuela, explica que estão a ser "avaliadas ações preventivas que garantam a autonomia e independência dos sistemas de pagamento e o processamento local de todas as operações, perante a ameaça de suspender as operações das franquias Visa e Mastercard, que podem afetar o sistema bancário".
Sobre a mesa estão as capacidades das redes "interbancárias locais, Suiche 7B e Conexus”, para responder às transações e outras alternativas para pagamentos eletrónicos".
O estatal Banco da Venezuela propôs que seja criada uma rede "Swiche Nacional" e um Canal de Biopago, através do código QR e envio de mensagens de telemóvel.
O consórcio Credicard (responsável pelo processamento dos cartões de crédito e de débito no país) propôs sistematizar os produtos existentes, incluindo também o pagamento móvel (P2P e P2C) e reordenar a interconexão local.
Foi ainda sugerida a criação de "botões de pagamento", o uso do "cartão da pátria" (promovido pelo Partido Socialista Unido da Venezuela, o partido do Governo) e transferências através de correio eletrónico.
Segundo a entidade reguladora, a ideia é ter alternativas para fomentar uma atividade comercial sã e que não gere angústia na população.
Desde 2018 que os venezuelanos se queixam de cada vez mais dificuldades em usar os cartões de débito e de crédito, além de que os pagamentos com aqueles instrumentos são cada vez mais demorados e muitas vezes falham.
Nalguns casos as falhas do sistema originam a duplicação dos pagamentos, sendo necessário efetuar uma reclamação no banco, um processo que demora até 21 dias úteis para que o valor em excesso seja devolvido.
As dificuldades agravaram-se desde 07 de março último (data do primeiro grande apagão elétrico na Venezuela), com muitos bancos a prestarem um serviço intermitente ou, mesmo, sem serviço.
A população também se queixa de que alguns comerciantes exigem pagamentos em dinheiro e, nalguns casos, em dólares norte-americanos.
C/ LUSA