Heiko Maas esclareceu ter pedido expressamente ao embaixador da Alemanha na Venezuela, Daniel Martin Kriener, que se juntasse aos outros representantes diplomáticos estrangeiros que iam receber Guaidó no aeroporto da capital venezuelana e presenciar o regresso do opositor ao país depois de um périplo de 11 dias por vários países daquela região.
O presidente da Assembleia Nacional (parlamento) e autoproclamado Presidente interino, Juan Guaidó, estava sob a ameaça de ser detido pelas forças de seguranças venezuelanas, depois de ter desrespeitado uma decisão do Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela (STJ) que o proibia de sair do país.
Em declarações em Berlim, o chefe da diplomacia alemã referiu hoje que “existia a informação de que Guaidó iria ser detido (no aeroporto)”.
“Acredito que a presença de vários embaixadores contribuiu para ajudar a evitar a detenção”, reforçou.
Na segunda-feira, Guaidó era aguardado no aeroporto Simón Bolivar em Caracas por uma multidão de apoiantes, muita comunicação social e um grupo de diplomatas, que o acompanhou até à zona exterior do edifício.
A par do embaixador Daniel Kriener, estavam também os representantes diplomáticos da Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Equador, França, Holanda, Roménia, Espanha e Estados Unidos. No grupo de diplomatas figurava igualmente o embaixador de Portugal na Venezuela, Carlos Nuno Almeida de Sousa Amaro.
Na quarta-feira, o governo venezuelano liderado pelo Presidente contestado, Nicolás Maduro, declarou Daniel Martin Kriener como ‘persona non grata’ e deu 48 horas ao embaixador alemão para sair do país.
A medida foi encarada como uma resposta ao apoio dado pela Alemanha a Guaidó.
Em reação, Heiko Maas classificou na quarta-feira como “incompreensível” a medida do governo de Maduro.
“Tomámos nota da decisão de declarar como ‘persona non grata’ o nosso embaixador Kriener. Decidimos chamá-lo para consultas”, disse na mesma altura Heiko Maas.
A crise política na Venezuela agravou-se em 23 de janeiro, quando Juan Guaidó se autoproclamou Presidente da República interino e declarou que assumia os poderes executivos de Nicolás Maduro.
Guaidó contou de imediato com o apoio dos Estados Unidos e prometeu formar um governo de transição e organizar eleições livres.
Nicolás Maduro, no poder desde 2013, denunciou a iniciativa do presidente do parlamento como uma tentativa de golpe de Estado liderada pelos Estados Unidos.
A maioria dos países da União Europeia, entre os quais Portugal, reconheceram Guaidó como Presidente interino encarregado de organizar eleições livres e transparentes.
Na Venezuela residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes.
Os mais recentes dados das Nações Unidas estimam que o número atual de refugiados e migrantes da Venezuela em todo o mundo situa-se nos 3,4 milhões.
Só no ano passado, em média, cerca de 5.000 pessoas terão deixado diariamente a Venezuela para procurar proteção ou melhores condições de vida.
C/ LUSA