O alerta foi dado pela Associação de Médicos Luso-venezuelanos (Assomeluve), a organização não-governamental que em 2018 criou a Rede Portuguesa de Assistência Médica e de Solidariedade (RPAMS).
“O programa fez a avaliação de 845 pacientes (portugueses e lusodescendentes), todos eles com patologias crónicas, as mais frequentes as oncológicas que precisam de medicamentos de alto custo, quimioterapia e radioterapia”, disse a porta-voz da Assomeluve à agência Lusa.
Carla Dias, gastroenterologista, frisou ainda que, além da escassez local, os medicamentos são de alto custo e há uma situação de hiperinflação elevada no país.
“Na primeira fase do programa fizemos um estudo estatístico das patologias mais frequentes nos portugueses que iam às consultas. Com base nessa análise fizemos uma listagem que enviámos ao Governo português, através da Embaixada de Portugal aqui, com os requerimentos de medicamentos por categoria”, explicou.
Entre esses requerimentos estão medicamentos para a hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, para patologias gastrointestinais, mas “nenhum desses medicamentos, até agora, foram enviados” para Caracas, apesar de algumas pessoas estarem à espera e de já terem recorrido ao consulado.
Por outro lado, Marlene Rodrigues, coordenadora da RPAMS explicou que há cidadãos “portugueses que estão num estado muito crítico de saúde por falta de medicamentos” na Venezuela.
“É muito difícil a situação dos portugueses. Até novembro [de 2018] tínhamos visto 850 pacientes, a maioria deles com patologias muito graves, entre cancro, insuficiência cardíaca, e renal, que necessitam de transplante renal, que não se pode fazer na Venezuela porque não há condições”, disse.
Segundo Marlene Rodrigues, a alguns pacientes foi-lhes prometida ajuda em Portugal, mas não têm familiares, nem os conhecimentos necessários dos procedimentos a realizar e onde devem ir para serem atendidos, tendo, à parte disso, de assumir custos de estada e alojamento para os quais não dispõem de recursos.
Além de medicamentos, os portugueses necessitam de exames médicos, radiografias, ressonâncias magnéticas, para os quais não têm recursos económicos necessários, acrescentou.
“São muitos pacientes. Dá tristeza, chegam a chorar, em cadeira de rodas, sem poder falar, muitos deles a chorar porque há necessidade extrema e não têm resposta perante esta situação grave em que não se consegue nenhum medicamento na Venezuela”, disse Marlene Rodrigues.
C/ LUSA