Numa zona mais junto ao centro da cidade, capital da Venezuela, os apoiantes de Maduro. Noutra zona mais a leste, os contestatários do regime. As massas de gente não se tocam. Tudo calmo nas estradas. Pouca polícia.
Foi assim a primeira hora do grande dia das manifestações de Caracas, no dia da Juventude.
O dia da Juventude, em que todos vão para a rua dizer o que pensam deste impasse político – o país tem dois presidentes, um de facto, contestado pela oposição e pela comunidade internacional, Nicolas Maduro, e outro é Juan Guaidó, um jovem de 35 anos que se ajuramentou como presidente interino da Venezuela até à realização de eleições livres e transparentes – foi tranquilo nas ruas de Caracas.
Na praça Morelos juntam-se os apoiantes de Maduro. São muitos, talvez uns milhares. Estão em grupos organizados. Alguns vão ter com a equipa de reportagem da Lusa, querem saber de onde são, e querem que sejam entrevistadas determinadas pessoas. O discurso é muito orientado, a favor de Maduro, contra a ajuda internacional, que a crise não é de hoje e foi criada pelos bloqueios internacionais. A culpa é dos Estados Unidos.
Na avenida Francisco Miranda é uma onda de gente a subir para a Praça João Paulo II. São famílias, grupos isolados. Muita gente alegre, falam em palavras de esperança, querem mudança, pedem um novo tempo para a Venezuela.
A manifestação de contestação ao regime foi anunciada no passado dia 02 por Guaidó, que falava perante milhares de apoiantes concentrados em Las Mercedes, leste de Caracas, onde apelou à continuação da luta contra o regime de Nicolás Maduro.
Em resposta, a esta que é a terceira jornada de mobilização pedida por Guaidó, depois das dos dias 23 de janeiro e 02 de fevereiro, Nicolas maduro anunciou que ia participar na marcha de hoje de jovens da esquerda contra a “intervenção imperialista americana”.
Guaidó autoproclamou-se Presidente interino a 23 de janeiro, dias depois da posse de Nicolás Maduro para um segundo mandato, após uma eleição considerada ilegítima pela UE.
A maioria dos países da União Europeia (UE), incluindo Portugal, os Estados Unidos, o Canadá e vários países latino-americanos, designadamente o Brasil e a Colômbia, reconheceram Juan Guaidó como Presidente interino com a missão de realizar eleições presidenciais livres e transparentes.
A crise política na Venezuela, onde residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, soma-se a uma grave crise económica e social, com escassez de bens e serviços essenciais, que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.
LUSA