“Em períodos de transição aconteceram coisas semelhantes (…), não podemos excluir nada, mas devemos ser muito firmes em relação ao futuro (…) sobretudo para enfrentar a emergência humanitária”, declarou Guaidó ao ser interrogado sobre a possibilidade de uma amnistia poder incluir Nicolás Maduro.
A entrevista foi realizada quinta-feira à noite (madrugada em Lisboa)através do programa de comunicação pela Internet Skype a partir de um local em Caracas que foi mantido secreto.
O chefe da oposição acusa o presidente Maduro de ser responsável pelos mortos em manifestações contra o regime que já atingiram as 26 vítimas, segundo a organização não-governamental Observatório Venezuelano de Conflitualidade Social.
“Será preciso analisar isso (a amnistia), (Maduro) é também um funcionário, infelizmente ditador e responsável pelas vítimas de ontem (quarta-feira) na Venezuela”, adiantou.
O parlamento, a única instituição controlada pela oposição na Venezuela, prometeu a 15 de janeiro uma amnistia aos soldados que não reconhecessem o governo de Nicolás Maduro.
“Esta amnistia e as suas garantias destinam-se a todos os que estejam prontos a ficar do lado da Constituição e a restabelecer a ordem constitucional”, adiantou Guaidó, que se proclamou presidente interino na quarta-feira perante uma multidão de opositores em Caracas e foi reconhecido pelos Estados Unidos e por vários países da América Latina.
México, Bolívia, Nicarágua e Cuba mantêm-se ao lado de Maduro, assim como a Rússia, China, Turquia e Irão.
O vice-presidente brasileiro, Hamilton Mourão, cujo país também reconheceu Guaidó como presidente, propôs na quinta-feira a criação de um “corredor de saída” para retirar Nicolás Maduro da Venezuela.
“Creio que a missão dos países é oferecer uma saída a Maduro e ao seu povo. Deve haver um corredor de saída”, declarou Mourão numa entrevista à GloboNews.
A União Europeia defendeu a legitimidade democrática do parlamento venezuelano, sublinhando que “os direitos civis, a liberdade e a segurança de todos os membros da Assembleia Nacional, incluindo do seu Presidente, Juan Guaidó devem ser plenamente respeitados” e instando à “abertura imediata de um processo político que conduza a eleições livres e credíveis, em conformidade com a ordem constitucional”.
A situação na Venezuela poderá ser analisada no Conselho de Segurança da ONU no sábado.
A Venezuela, país onde residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.
C/LUSA