No seu entender, esta solução “passa por devolver o poder à população, existirem novamente eleições e um regime democrático na Venezuela”.
Questionado sobre a possibilidade de uma solução militar, o governante insular, sustentou ser “preciso haver da parte dos atuais poderes que estão a exercer o poder através da força, que haja bom senso para se proceder a uma transição política, porque a situação, neste momento é insustentável”.
“Não quero antever um banho de sangue porque isso terá consequência para a população e o que todos queremos é que as pessoas não sofram mais do que já sofreram”, vincou.
O chefe do executivo madeirense opinou que “a situação na Venezuela, neste momento, é uma situação onde o povo veio para a rua em desespero”.
“Temos uma situação de crise humanitária, e obviamente, acompanhamos do ponto de vista político que é aquela que é a posição do Governo português”, complementou.
O responsável regional recordou que o ministro dos Negócios Estrangeiros “já disse que a democracia tem de ser reposta na Venezuela e que as últimas eleições foram fraudulentas, que elegeram o presidente Maduro”.
Por isso, reforçou ser “fundamental existir neste momento eleições na Venezuela para a reposição da estabilidade política e da democracia” naquele país, onde reside uma grande comunidade de emigrantes da Madeira, apontando as estimativas de mais de 6.000 que já regressaram à ilha da Madeira.
O líder madeirense argumentou que a situação na Venezuela “é uma consequência da política comunista que foi levada a efeito na Venezuela e levou à degradação social e económica do país”.
No entender de Miguel Albuquerque é “uma situação de crise humanitária. É uma situação de ausência de democracia e liberdade política”.
Questionado sobre a eventualidade deste agudizar da situação representar o retorno de mais conterrâneos para a Madeira, respondeu: “Pior do que está não pode”.
“Isto já é consequência que já é crise humanitária, nem sequer têm medicamentos para medir a tensão. Estão em desespero, vieram para a rua como têm vindo”, concluiu.
O presidente da assembleia nacional, Juan Guaidó, autoproclamou-se na quarta-feira presidente interino da Venezuela, perante milhares de pessoas concentradas em Caracas.
O engenheiro mecânico de 35 anos tornou-se rapidamente o rosto da oposição venezuelana ao assumir, a 03 de janeiro, a presidência da Assembleia Nacional, única instituição à margem do regime vigente no país.
Nicolás Maduro iniciou a 10 de janeiro o seu segundo mandato presidencial de seis anos, após uma vitória eleitoral cuja legitimidade não foi reconhecida nem pela oposição nem pela maior parte da comunidade internacional.
Os Estados Unidos, a Organização dos Estados Americanos (OEA) e quase toda a América Latina, já reconheceram o líder do parlamento, Juan Guaidó, como Presidente interino da Venezuela, na sequência da autoproclamação feita por este na quarta-feira.
O México, Bolívia, Cuba, Rússia, China e Turquia mantêm-se ao lado de Maduro, que consideram ser o Presidente democraticamente eleito da Venezuela.
Por seu lado, a União Europeia defendeu a legitimidade democrática do parlamento venezuelano, sublinhando que "os direitos civis, a liberdade e a segurança de todos os membros da Assembleia Nacional, incluindo do seu Presidente, Juan Guaidó, devem ser plenamente respeitados" e instando à "abertura imediata de um processo político que conduza a eleições livres e credíveis, em conformidade com a ordem constitucional".
Na quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, afirmou o seu pleno respeito “à vontade inequívoca” mostrada pelo povo da Venezuela e disse esperar que Nicolas Maduro “compreenda que o seu tempo acabou”.
A Venezuela, país onde residem cerca de 300.000 portugueses ou lusodescendentes, enfrenta uma grave crise política e económica que levou 2,3 milhões de pessoas a fugir do país desde 2015, segundo dados da ONU.
C/Lusa