"Fizemos três monitorizações [em 2018] nas praias madeirenses e o que posso dizer é que a costa norte tem menos lixo do que a costa sul", disse, sublinhando que a zona mais poluída é a do Caniçal.
João Canning Clode, coordenador científico do polo da Madeira do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, realçou que os dados são preliminares, havendo necessidade de "fazer mais amostragens para tirar conclusões".
O investigador madeirense falava no âmbito da conferência "Lixo Marinho – Problema Global versus Realidade Local", que decorreu no Funchal.
"O lixo marinho é considerado uma ameaça à biodiversidade", realçou, indicando que estão em curso vários projetos de monitorização das praias do arquipélago e de mapeamento de áreas marítimas, com recurso a novas tecnologias, mergulho científico e utilização de drones.
O projeto mais recente, financiado pela Comissão Europeia, visa transformar alforrecas em biofiltro para combater os microplásticos no oceano.
Como base nos estudos realizados até ao momento, o Centro de Ciências do Mar e do Ambiente chegou à conclusão que a maior parte do lixo que vai dar às praias do arquipélago é oriundo da costa leste dos Estados Unidos – sobretudo da Florida, Geórgia e Carolinas – mas também do norte da Península Ibérica, sendo certo que muita da poluição com origem na Madeira vai também parar a esses locais.
No decurso da conferência "Lixo Marinho – Problema Global versus Realidade Local", foi apresentado o Projeto para o Plano de Ação Regional da OSPAR, uma organização que envolve a União Europeia e 15 países da costa nordeste atlântica, de Portugal à Islândia.
"O plano comporta diversas ações que abarcam o combate ao lixo marinho e outras temáticas, como despejos ilegais, tratamentos de esgotos, produção de plásticos. O objetivo é promover o combate", explicou o coordenador do projeto, Pedro Sepúlveda.
A OSPAR opera de forma lenta, mas inclusiva, assente em acordos com diversos países e instituições, o que "nem sempre é fácil".
"Não são os estados que estão a impor medidas, mas sim estão-se a basear nos estudos científicos, de forma a envolver toda a comunidade e fazer com que as medidas sejam bem aceites e possam ter resultados eficazes", disse Pedro Sepúlveda, sublinhando que os mesmos só serão "claramente visíveis" dentro de cinco ou dez anos.
C/LUSA