“Queria aproveitar este ensejo para dirigir uma mensagem muito especial aos militares que se encontram na República Centro Africana”, declarou Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações aos jornalistas no Funchal, no final da visita que efetuou à Região Autónoma da Madeira, sublinhando que as últimas semanas têm sido “difíceis”.
Os militares portugueses estiveram hoje novamente envolvidos em combates na cidade de Bambari, situada no centro da RCA, sem que haja registos de quaisquer feridos nos seus efetivos, ao fim de sete horas de confrontos.
“Os paraquedistas da 4.ª Força Nacional Destacada (4FND) na República Centro Africana (RCA), composta maioritariamente pelo 2.º Batalhão de Infantaria Paraquedista, estiveram pelo segundo dia consecutivo em combate, durante o dia 02 de novembro de 2018, na cidade de Bambari. Não há feridos a registar do lado das forças de combate portuguesas”, informou o Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA), em comunicado.
Sublinhando que a missão dos militares portugueses “é uma missão pela paz, pela estabilidade, pela construção de condições para o desenvolvimento económico, social” da RCA, o chefe de Estado disse querer “testemunhar-lhes permanente solidariedade, apoio”.
Tem acontecido, acrescentou "todo um conjunto de problemas que eles têm vindo a solucionar com excelência, excelência reconhecida pelas Nações Unidas e pelos países aliados que ali se encontram representados”.
A República Centro-Africana caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos juntos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-balaka.
O conflito neste país, com o tamanho da França e uma população que é menos de metade da portuguesa (4,6 milhões), já provocou 700 mil deslocados e 570 mil refugiados e colocou 2,5 milhões de pessoas a necessitarem de ajuda humanitária.
O governo do Presidente, Faustin Touadera, um antigo primeiro-ministro que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território.
O resto é dividido por mais de 15 milícias que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para venda de marfim.
Portugal está presente no país desde o início de 2017, no quadro da Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro-Africana (MINUSCA).
No início de setembro, o major-general do Exército Marco Serronha assumiu o cargo de 2.º comandante da MINUSCA.
Aquela que já é a 4.ª Força Nacional Destacada Conjunta no país é composta por cerca de 160 militares iniciou a missão em 05 de setembro.
Portugal também integra a Missão Europeia de Treino Militar-República Centro-Africana (EUMT-RCA), comandada pelo brigadeiro-general Hermínio Teodoro Maio.
A EUTM-RCA, que está empenhada na reconstrução das forças armadas do país, tem 45 militares portugueses, entre os 170 de 11 nacionalidades que a compõem.
LUSA