A greve nacional dos trabalhadores da administração pública causou hoje o encerramento de diversos serviços nas autarquias e da saúde na Região Autónoma da Madeira, indicaram dirigentes sindicais.
Inicialmente, a greve foi convocada pela Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública (ligada à CGTP) para pressionar o Governo a incluir no Orçamento do Estado para 2019 (OE2019) a verba necessária para aumentar os trabalhadores da função pública, cujos salários estão congelados desde 2009.
Contudo, após a última ronda negocial no Ministério das Finanças, em meados de outubro, a Federação de Sindicatos da Administração Pública e o Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado, ambos filiados na UGT, anunciaram que também iriam emitir pré-avisos de greve para o mesmo dia, tendo em conta a falta de propostas do Governo, liderado pelo socialista António Costa.
O presidente da Direção Regional da Madeira do Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Sul e Regiões Autónomas, Carlos Ferreira, disse hoje estar "agradavelmente surpreendido" com os níveis de adesão à greve da Administração Pública.
"Fazer balanços aos números é complicado porque como sabem há muitos centros de saúde e escolas espalhados pela região e nós não temos capacidade para saber esse número", começou por explicar o sindicalista Carlos Ferreira.
Contudo, indicou que, a nível hospitalar, a adesão no serviço de consultas externas do Hospital da Cruz de Carvalho era superior a 95% e, nos serviços de internamento, havia setores a 100%, predominando o cumprimento dos serviços mínimos como é de lei.
"É uma agradável surpresa, é uma greve com números muito mais elevados do que tem sido habitual", considerou.
Em comunicado, o Serviço de Saúde da Região Autónoma da Madeira (SESARAM) informa que "a greve dos Trabalhadores da Função Pública está a condicionar a prestação de alguns serviços no SESARAM, nas unidades hospitalares e nos centros de saúde da região".
Para minimizar os efeitos causados pela greve, o SESARAM aconselha os utentes que "necessitam de cuidados, nomeadamente consultas, tratamentos e colheitas para análises” a contactar previamente os serviços.
"Informamos que, durante o dia de hoje, os serviços de colheitas nos Centros de Saúde, Consulta Externa e Laboratório de Patologia Clínica do Hospital Dr. Nélio Mendonça estão encerrados devido à greve, pelo que recomendamos aos utentes para contactarem diretamente os serviços durante a próxima semana para o reagendamento das colheitas", refere, salientando, contudo, que "todas as situações urgentes serão atendidas e os serviços mínimos salvaguardados".
António Monteiro, do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local, revelou que vários serviços camarários no Funchal (Linha Ambiente), Calheta (contabilidade, águas, expediente, tesouraria e proteção de menores) Câmara de Lobos (motoristas, serralharia e carpintaria), Santana (armazém), Santa Cruz (tesouraria) e São Vicente (fiscalização) tiveram adesão de 100% à greve nacional na administração pública.
No Funchal, com exceção da Linha Ambiente, a adesão oscilou entre os 60% e os 90% em setores como asfaltagem, limpeza urbana, remoção de lixo, carpintaria e estação de tratamento de lixo.
Situação diferente verificou-se nas escolas, com o presidente do Sindicato dos Professores da Madeira (SPM), Francisco Oliveira, a admitir que a greve teve pouco impacto na classe docente na região.
Segundo o sindicalista, o SPM não apresentou pré-aviso de greve para a Madeira por estar em negociações com o Governo Regional sobre descongelamento e contagem integral do serviço, matérias que já foram aprovadas pelo executivo.
Francisco Oliveira adiantou, contudo, que a greve teve mais impacto junto dos assistentes operacionais ao ponto de ter encerrado quatro estabelecimentos do 1º Ciclo, três no Funchal e um no Porto Santo.