“É totalmente inaceitável que desde o dia 07 de agosto até este momento tenham sido cancelados 16 voos”, disse o autarca social-democrata do Porto Santo, Idalino Perestrelo, citado num comunicado da autarquia.
O presidente da câmara falava numa conferência de imprensa que contou com a presença do diretor da Administração Pública na ilha do Porto Santo, do deputado do parlamento madeirense eleito pela ilha, do presidente da Junta de Freguesia do Porto Santo, da diretora regional adjunta e de vários representantes de unidades hoteleiras.
“Decidi convocar esta conferência de imprensa com o claro intuito de enviar uma mensagem direta ao senhor ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, responsável pela atual situação que se vive com os constantes cancelamentos das ligações aéreas, anormais e inéditas, dos últimos dias, tendo afetado dezenas de pessoas, em especial os porto-santenses”, afirmou Idalino Perestrelo.
O responsável salientou que até ao momento não houve qualquer resposta oficial acerca do ponto de situação da concessão da linha aérea, “uma responsabilidade direta e exclusiva do Governo da República Portuguesa”.
Também apontou ter solicitado uma audiência ao ministro Pedro Marques, para abordar a situação, e sublinhou que “o povo do Porto Santo também exige uma resposta imediata” do governante nacional.
Sobre a justificação da companhia aérea para os cancelamentos, de que “as condições meteorológicas não eram aceitáveis no âmbito dos procedimentos de segurança da companhia”, o autarca declarou ser “inaceitável”.
“Não podemos aceitar e reprovamos liminarmente os cancelamentos apenas nas ligações aéreas entre o Porto Santo e o Funchal, quando outros voos, para outros destinos, inclusivamente Canárias, operam normalmente no Aeroporto Cristiano Ronaldo e do Aeroporto do Porto Santo”, argumentou.
Idalino Perestrelo destacou que a ligação aérea entre as duas ilhas é de interesse público e muito importante para a ilha do Porto Santo, que “depende fortemente dos transportes aéreos e marítimos, o garante da continuidade territorial”.
“Qualquer cancelamento injustificável é inaceitável, é um entrave à mobilidade dos passageiros, em particular, todos os porto-santenses, em que se incluem crianças, idosos e doentes de cadeira de rodas e ainda o transporte de mercadorias, tais como os medicamentos”, declarou.
O autarca, os restantes responsáveis e os hoteleiros entendem que “o destino Porto Santo está a ser largamente lesado, em especial nesta altura do ano, causando danos irreversíveis na economia e na imagem da ilha, que comemora este ano 600 anos do seu descobrimento”.
No seu entender, a Binter “está a escudar-se apenas nas condições meteorológicas e da parte do Governo Central ainda não há uma resposta oficial”.
Por essa razão, solicitaram hoje, “por correio eletrónico e carta registada, a intervenção do Presidente da República Portuguesa”, Marcelo Rebelo de Sousa.
O Porto Santo, consideram, “não pode aceirar que o princípio da continuidade territorial, inscrito na Constituição, seja cilindrado”, pelo que foi dado conhecimento desta situação também à Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC).
“Porque aqui também é Portugal e esta ilha não merece tamanha desconsideração, quer pelo Governo da República, quer por qualquer companhia aérea, fica aqui registado o nosso mais total repúdio para com o tratamento com a ilha do Porto Santo”, conclui.
Representantes da Binter estiveram hoje reunidos com o secretário de Estado das Infraestruturas, tendo alegado, segundo fonte do Governo, “razões meteorológicas e de segurança” para os cancelamentos.
A companhia referiu que “retomará as ligações de forma regular mal tal seja possível”.
A transportadora aérea Binter, com sede nas Canárias, é responsável pelas ligações entre a Madeira (desde o Funchal) e o Porto Santo desde junho deste ano, na sequência de um contrato de concessão estabelecido com o Governo da República.
Na passada sexta-feira, o presidente e o vice-presidente do executivo madeirense, além de várias forças políticas regionais, criticaram publicamente o cancelamento de voos da Binter entre as ilhas da Madeira e Porto Santo, rejeitando o argumento das más condições meteorológicas para esta decisão.
C/ LUSA