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Imagem de O jesuíta do fim do mundo que tentou cumprir o Concílio Vaticano II
Foto: EPA
Religião 21 abr, 2025, 10:23

O jesuíta do fim do mundo que tentou cumprir o Concílio Vaticano II

O Papa Francisco, que morreu hoje, comportou-se, em Roma, como um missionário vindo do fim do mundo para recuperar as promessas de abertura do Concílio Vaticano II, num pontificado marcado pelo combate aos abusos sexuais, guerras e uma pandemia.

Nascido em Buenos Aires, a 17 de dezembro de 1936, o primeiro jesuíta que chegou à liderança da Igreja Católica tentou dar sinais de modernidade à instituição milenar, indicando mulheres para cargos de poder e entreabrindo as portas aos divorciados e homossexuais, decisões que motivaram críticas dos setores conservadores da Igreja.

Na primeira missa depois de eleito, os cardeais ouviram Francisco pedir que Deus lhes perdoasse por irem buscar um Papa ao “fim do mundo” e, desde então, ficou marcado pela atitude de desprendimento em relação aos bens materiais e por um tom duro na condenação dos excessos do capitalismo.

Dispensando mordomias e sem querer viver no Palácio Pontifício mas na Casa de Santa Marta, onde se alojam hóspedes do Vaticano, o primeiro Papa não europeu em mais de 1.200 anos e o primeiro vindo do hemisfério sul introduziu mudanças, procurando recuperar o dinamismo do Concílio Vaticano II, que considerou estar ainda por cumprir.

“Em muitos aspetos, pode afirmar‑se que o último Concílio Ecuménico ainda não foi inteiramente compreendido, vivido e aplicado. Estamos no caminho, e devemos recuperar o tempo”, escreveu, na sua autobiografia “Esperança”, recentemente publicada.

“Ainda precisamos de implementar plenamente o Vaticano II. E também varrer mais a fundo a cultura de corte, na Cúria e em toda a parte. A Igreja não é uma corte, não é lugar para acordos, favoritismos, manobras, não é a última corte europeia de uma monarquia absoluta”, acrescentou.

Nas congregações gerais, encontros dos cardeais antes do conclave, o então arcebispo de Buenos Aires, que havia sido um dos mais votados no conclave de 2005, foi notado pelos seus pares, graças às suas propostas de reforma da Cúria e do modelo de gestão, defendendo mais participação dos fiéis e uma Igreja romana mais permeável às sensibilidades de outras geografias.

A nova Constituição Apostólica fundiu serviços, reorganizou estruturas e introduziu a possibilidade de mais mulheres e leigos em cargos de gestão.

A política de rigor em relação aos abusos sexuais cometidos por muitos religiosos foi uma das marcas do seu pontificado, nomeando novas estruturas de fiscalização, assumindo indemnizações e afastando responsáveis.

O combate aos abusos sexuais na Igreja Católica foi assumido por Francisco como uma das suas batalhas, o que o levou a convocar mesmo uma cimeira no Vaticano em fevereiro de 2019.

“Nenhum abuso deve jamais ser encoberto e subestimado, pois a cobertura dos abusos favorece a propagação do mal e eleva o nível do escândalo”, disse aos representantes da hierarquia religiosa e líderes de conferências episcopais reunidos em Roma.

Além do “olhar para as periferias”, Francisco deixou uma cúria reorganizada, mais focada na ação social e no apoio aos desfavorecidos.

Logo em 2015, na encíclica “Laudato Si” (Louvado Sejas), Bergoglio assumiu uma das suas grandes causas, defendendo que os países ricos devem sacrificar algum do seu crescimento e libertar recursos necessários para os países mais pobres, num texto em que propôs uma revolução social, ambiental e económica.

“Chegou a hora de aceitar crescer menos em algumas partes do mundo, disponibilizando recursos para outras partes poderem crescer de forma saudável”, escreveu o Papa na encíclica publicada em junho de 2015.

Cinco anos depois, numa nova encíclica, intitulada “Fratelli Tutti” (Todos Irmãos), dedicada à fraternidade e amizade social, Francisco criticou o reacendimento de populismos, racismo e discursos de ódio, lamentando a perda de “sentido social” e o retrocesso histórico que o mundo está a viver.

“A história dá sinais de regressão. Reacendem-se conflitos anacrónicos que se consideravam superados, ressurgem nacionalismos fechados, exacerbados, ressentidos e agressivos”, escreveu.

Identificou, então, o surgimento de “novas formas de egoísmo e de perda do sentido social mascaradas por uma suposta defesa dos interesses nacionais” e associou discursos de ódio a regimes políticos populistas e a “abordagens económico-liberais”, que defendem a necessidade de “evitar a todo o custo a chegada de pessoas migrantes”.

Além destas duas encíclicas, Francisco publicou a “Lumen fidei” (Luz da Fé) em 2013, que havia sido iniciada por Bento XVI e está focada na relação da fé com o mundo na procura do bem comum, e a “Dilexit nos” (Amou-nos) em 2024 sobre o “amor humano e divino do coração de Jesus Cristo” que assinalou o início do ano santo católico (Jubileu) de 2025.

O Papa teve de conviver com a sombra do seu antecessor, Bento XVI (1927-2022), que renunciou em 2013 e ficou a viver no Mosteiro Mater Ecclesiae – localizado na Cidade do Vaticano – e que, muitas vezes, foi visto como o congregador das forças mais conservadoras na Igreja Católica em contraponto à ação do pontífice argentino.

Na sua autobiografia, o Papa lamentou o crescimento dos populismos, defendeu os homossexuais e divorciados e criticou os tradicionalistas católicos ao mesmo tempo que pediu um novo papel da Igreja num tempo de conflitos e incertezas, comparável ao primeiro milénio.

No seu livro de mais de 350 páginas, o Papa recordou também a declaração que assinou sobre as “bênçãos aos irregulares”, numa referência aos divorciados ou católicos que não cumpram as exigências da doutrina, publicada pelo Dicastério para a Doutrina da Fé, em dezembro de 2023.

“Abençoam‑se as pessoas, não as relações”, porque “na Igreja, são todos convidados, mesmo as pessoas divorciadas, mesmo as pessoas homossexuais, mesmo as pessoas transexuais”, escreve Francisco, comentando a polémica.

A “primeira vez que um grupo de transexuais veio ao Vaticano, saíram a chorar, comovidas porque lhes tinha dado a mão, um beijo… Com se tivesse feito algo de excecional para elas. Mas são filhas de Deus! Podem receber o batismo nas mesmas condições dos outros fiéis e nas mesmas condições dos outros, podem ser aceites na função de padrinho ou madrinha, bem como ser testemunhas de um casamento”, acrescentou o Papa, que condenou as leis contra a homossexualidade.

Sobre as reformas que imprimiu na Igreja, Francisco disse que nunca esteve sozinho no processo de decisão, minimizando a resistência em setores da Igreja, “na maioria das vezes ligadas a um escasso conhecimento ou a alguma forma de hipocrisia”.

“Os pecados sexuais são aqueles que a alguns causam mais rebuliço”, mas “não são, de facto, os mais graves”, ao contrário de outros como “a soberba, o ódio, a mentira, a fraude ou a prepotência”.

“É estranho que ninguém se preocupe com a bênção de um empresário que explora as pessoas, e esse é um pecado gravíssimo, ou com quem polui a casa comum, enquanto se escandaliza quando o Papa abençoa uma mulher divorciada ou um homossexual”, comentou.

Quanto ao futuro, escreveu na autobiografia, “a Igreja seguirá em frente, na sua história”.

“Eu sou apenas um passo” e “também o papado amadurecerá; eu espero que amadureça, olhando também para trás, que assuma cada vez mais o papel do primeiro milénio”, resumiu.

 

Lusa

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