“As cartas da prisão de Nelson Mandela” é o título do livro, que chega às livrarias no dia 12 de julho, e reúne 255 cartas, muitas delas nunca, antes, tornadas públicas, organizadas cronologicamente e divididas pelas quatro instituições prisionais por onde passou.
A propósito dos cem anos do nascimento de Nelson Mandela, que se assinalam no dia 18 de julho, muitos países vão marcar a efeméride com o lançamento destas cartas, institucionais, políticas e familiares, com organização da jornalista Sahm Venter, apoiada pela Fundação Mandela, e prefaciado pela neta do ativista Zamaswazi Dlamini-Mandela.
O advogado e ativista do Congresso Nacional Africano Nelson Mandela foi preso em 1962, numa altura em que o regime de apartheid na África do Sul intensificava a sua campanha brutal contra os opositores políticos.
Na altura, com quarenta e quatro anos, Nelson Mandela não imaginava que passaria os vinte e oito anos seguintes na prisão, sendo libertado apenas a 11 de fevereiro de 1990.
Durante os seus 10.052 dias de encarceramento, o futuro líder da África do Sul escreveu uma imensa quantidade de cartas às inflexíveis autoridades prisionais, a companheiros ativistas, a responsáveis governamentais e, acima de tudo, à sua mulher, Winnie, e aos cinco filhos, descreve a editora.
“Ilustrado com reproduções de alguns dos seus escritos, este é um documento de um valor excecional para o conhecimento desta que foi uma das figuras mais inspiradoras do século XX, revelando-o como pai e marido extremoso, como um lutador incansável pelos direitos humanos e, acima de tudo, como homem de uma coragem imperturbável, que se recusou a comprometer os seus valores, mesmo quando confrontado com um enorme sofrimento”, acrescenta.
Nelson Rolihlahla Mandela viria ser presidente da África do Sul de 1994 a 1999, sendo considerado o mais importante líder da África Negra, vencedor do Prémio Nobel da Paz, em 1993, e conhecido como “pai da moderna nação sul-africana”, onde é normalmente referido como Madiba.
Nasceu em 1918, no seio de uma família de nobreza tribal, numa pequena aldeia do interior, mas aos 23 anos rumou à capital, Joanesburgo, para se envolver na política.
Na Faculdade de Direito tornou-se um rebelde e um jovem advogado, líder da resistência não-violenta da juventude, acabando acusado e julgado por traição.
Foi libertado depois de uma campanha internacional e numa altura em que o recém-eleito presidente sul-africano Frederik de Klerk – com quem Mandela viria a partilhar o Nobel da Paz -, para responder ao crescente clima de conflito e à iminente guerra civil, cancelou a interdição do ANC, revogou algumas leis segregacionistas e libertou Nelson Mandela.
O processo de democratização da sociedade prosseguiria até 1994, com a eleição de Mandela, embora a minoria branca a tivesse tentado manter a supremacia.
Nelson Mandela morreu em 2013. Dedicou a vida à causa que defendeu desde o início, como advogado de direitos humanos, pela qual se tornou prisioneiro de um regime de segregação racial, e pela qual foi igualmente eleito primeiro presidente da África do Sul livre.
Para o homenagear, a Organização das Nações Unidas instituiu o Dia Internacional Nelson Mandela no dia do seu nascimento, 18 de julho, como forma de valorizar em todo o mundo a luta pela liberdade, pela justiça e pela democracia.
LUSA