Concluído em 1978, o documentário inclui episódios como a Revolta da Farinha (1931) e a Revolta da Água na Ponta de Sol (1962), organizadas pelos camponeses da Madeira, contra a "colónia e a ditadura" do Estado Novo, que se mantiveram ocultas pela censura do regime.
Filmado nos anos de 1976/1976, centrado na Madeira e na sua população, o documentário “Colonia e Vilões”, no entanto, só foi exibido, pela primeira vez, em fevereiro deste ano, no Teatro Municipal do Funchal, numa cerimónia organizada pela Universidade da Madeira.
De acordo com a Academia Portuguesa de Cinema, a edição em DVD, feita em parceria com a Cinemateca Portuguesa, permite agora aceder a um maior conhecimento e análise da História da Madeira, "através das vozes dos homens e mulheres que viveram séculos de opressão sob o regime do ‘contrato de colonia’, que estabelecia a divisão dos ganhos do trabalho nas terras agrícolas entre os colonos, que as exploravam, e os seus proprietários, os ‘morgados’”.
O documentário recorda dois dos maiores levantamentos camponeses da Madeira – a Revolta da Farinha e a Revolta da Água na Ponta de Sol – fortemente reprimidos pela Ditadura, "que pactuava com os grandes proprietários rurais para manter o regime de escravatura dos camponeses".
"Após o 25 de Abril, são esses mesmos camponeses oprimidos que procuram a esperança e a liberdade da sua anterior condição", recorda a Academia.
Leonel Brito nasceu em 1941, em Moncorvo, no distrito de Bragança. Licenciado em Engenharia Agrária, é produtor, realizador, editor e fotógrafo.
Foi diretor do ABC Cine Clube e do Cine Clube Imagem, e cofundador da Cooperativa Cinequanon, em 1974.
Mais tarde, como representante da Associação de Cooperativas e Organismos de Base da Atividade Cinematográfica (ACOBAC), foi conselheiro do secretário de Estado da Cultura David Mourão-Ferreira (1976).
Realizou “Caldo de Pedra”, com textos de Luís de Sttau Monteiro, “Portugal de Faca e Garfo” e “Freiras de Portugal”, para cinema, e “Do Paleolítico ao Romano” e “Romanos Entre Nós”, na área das séries documentais.
Foi na produção documental que se destacou, com produções premiadas que marcaram o panorama do cinema português, como recorda a Academia Portuguesa de Cinema, dando como exemplo “Gente do Norte”, “Marmelo e Silva”, “Guerra Junqueiro” e “Colonia e Vilões”.
A versão renovada deste documentário é o primeiro de oito filmes que serão lançados pela Academia Portuguesa de Cinema, em parceria com a Cinemateca Portuguesa, adianta a organização.
A apresentação de “Colonia e Vilões” realiza-se no dia 5 de julho, às 17:00, na Cinemateca, e a sessão vai contar com o realizador, elementos do elenco e da produção do documentário, seguindo-se, pelas 18:30, a projeção do documentário na Sala Luís Pina.
LUSA