“Eu não gostava de aproveitar uma crise política para qualquer coisa. Porque as crises políticas são sempre más para todos. Portanto, dizer que estou contente porque há uma crise política seria errado e não é a minha perspetiva”, argumentou Gouveia e Melo sem se comprometer com uma eventual candidatura.
Questionado sobre candidaturas fora do espetro dos partidos poderem ter na crise política um “terreno positivo”, Gouveia e Melo, que ainda não assumiu formalmente a sua candidatura à Presidência da República, respondeu: “É que esse terreno positivo, para mim, não é um terreno positivo. Esse é um terreno negativo porque nos prejudica”.
Para Gouveia e Melo, os portugueses estão “todos ansiosos de ter estabilidade, [por] um governo credível e um governo que faça a sua função bem feita”.
“É isso que todos nós desejamos. Agora estamos todos concentrados nesse futuro. E é nesse futuro que nos devemos concentrar sem distrações neste momento”.
Gouveia e Melo reiterou que não precisa, nem deseja “apoios de nenhum partido, nem de nenhuma área política”.
“A minha maneira de estar é, eu apresento-me como cidadão, neste momento sou um cidadão que está a intervir na vida pública, porque estive 45 anos limitado nessa intervenção”, acrescentou Gouveia e Melo, frisando que a sua intervenção só tem significado “enquanto os portugueses lhe derem essa atenção e desejarem saber qual é a sua visão”.
Questionado sobre se há condições para PSD e PS falarem após o ato eleitoral, Gouveia e Melo respondeu que “não só há condições, como parece que vão ter que falar” após as eleições de maio.
“Os extremos, todos juntos, não passam de 20%. Portanto, 80 % da população quer soluções ao centro. E essas soluções devem aparecer. E devem ser os partidos que estão a participar, os partidos que estão no centro que devem conseguir, em acordo entre eles, fazer o que a população deseja. Porque se não a população não votaria no centro. 80 % da população está a votar ao centro” explicou.
Sobre a polémica em torno do debate da moção de confiança apresentada pelo Governo, Gouveia e Melo defendeu que “há um conjunto de debates e comportamentos que devem ser repensados” em nome do futuro do país enfatizando que “esse futuro tem de ter credibilidade” pelo que é necessário “encontrar uma solução em tempo e que também forneça uma capacidade de governar o país, porque sem governança, num momento crítico internacional” o país pode “ser também prejudicado”.
Lusa