"Este projeto é, em primeiro lugar, um projeto de natureza política e não temos de ter complexos relativamente a isso, porque o que nós precisamos de garantir são duas coisas fundamentais: a independência e autonomia tecnológica da Madeira e garantir aquilo que o Estado português não assume relativamente à nossa região que é o princípio da coesão e da continuidade territorial", afirmou na cerimónia de assinatura do contrato.
Este contrato de fornecimento de uma ligação em cabo submarino, entre a Emacom – Telecomunicações da Madeira, empresa do grupo da Empresa de Eletricidade da Madeira (EEM) que se dedica à atividade de telecomunicações e a Ellalink Ireland Limited, operadora de comunicações submarinas, com sede social em Dublin, custou 13,6 milhões de euros.
Miguel Albuquerque criticou ainda a privatização da Portugal Telecom, por ter deixado as regiões dependentes da iniciativa privada, num papel que, disse, deveria caber ao Estado.
"Portugal, na sua conexão de cabo submarino esqueceu-se que existiam as regiões autónomas e quando faz a privatização de uma empresa que era pública e era a vanguarda tecnológica do país, foi destruída devido a um conjunto de vigaristas e ladrões que utilizaram a empresa para encher os bolsos privados, faz a privatização dos cabos submarinos e deixa as regiões dependentes de uma empresa privada".
O presidente do conselho de administração da EEM, Rui Rebelo, destacou que com o novo cabo a Madeira fica menos dependente do atual "monopólio".
"Presentemente, ao nível das telecomunicações, a Madeira encontra-se interligada a Portugal continental através de um sistema submarino designado de Cam Ring, operado em regime de monopólio ligados a outros sistemas e que ficarão obsoletos a médio prazo, justificando-se assim a necessidade de uma nova solução para colmatar a conetividade futura da região", disse.
Rui Rebelo alertou ainda que esta "nova interligação submarina, com base no pressuposto de um estudo recente, irá beneficiar os consumidores e a economia local, com um potencial de poupança anual de 11 milhões de euros, proporcionando uma baixa média dos preços do mercado residencial, em cerca de 16 euros por mês".
Num espaço de um ano, a Madeira e o continente português ficarão ligados através de um par de fibras óticas que, ligando o Funchal a Lisboa, terá uma distância total de aproximadamente 1.100Km, num cabo que se interligará com o cabo da Ellalink, ligando a América do Sul (Fortaleza) à Europa (Sines).
O sistema final terá uma capacidade total projetada de 18 ‘terabits’ por segundo numa esperança de vida de 25 anos.
C/LUSA