O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação de Portugal, Nuno Sampaio, entregou ao Presidente da República da Guiné-Bissau a chave da nova embarcação batizada com o nome “Centenário de Amilcar Cabral”, em homenagem ao líder histórico guineense.
O chefe de Estado agradeceu ao Governo português mais esta “demonstração clara da excelência das relações” entre os dois países e a concretização de um projeto que nasceu há dois anos e que ainda aguardará mais alguns dias para chegar a alto mar.
A perspetiva do Governo guineense, exposta na cerimónia de batismo pelo ministro dos Transportes, Marciano Silva Barbeiro, é de que as viagens entre Bissau e as ilhas comecem ainda durante o mês de outubro.
O Governo português investiu mais de 2,5 milhões de euros na reparação e adaptação da embarcação com capacidade para transportar 340 passageiros e uma grua de carga de cinco toneladas, como explicou o secretário de Estado português.
O investimento foi suportado pelo Fundo Ambiental de Portugal e contou com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a colaboração de outros parceiros internacionais, segundo o governante.
O novo navio irá evitar o recurso a pirogas e canoas, o meio de transporte marítimo mais usado pelas populações das ilhas Bijagós, e “permitir mais segurança”, assim como servirá o turismo, a deslocação de doentes ou o transporte de máquinas para a agricultura, disse ainda.
Nas águas do rio Geba, este navio “irá cimentar as condições de desenvolvimento da Guiné-Bissau”, considerou o governante português, salientando que permite a recolha de passageiros mesmo na ausência de cais, com uma lancha para embarque e desembarque de passageiros.
O ministro dos Transportes da Guiné-Bissau, Marciano Silva Barbeiro, realçou a necessidade da construção de pontões flutuantes em Bissau, Bolama e Bubaque e que o Governo guineense já solicitou apoio à União Europeia para este fim.
Para conseguir uma tarifa mais baixa para as populações, o governante guineense defende que uma parceria público-privada para assegurar o serviço.
A Guiné-Bissau, como lembrou, tinha três navios “danificados” de uma empresa pública falida, que estão parados desde 2018.
O ministro espera iniciar as operações com o novo navio “ainda em outubro” e disse que serão asseguradas “por uma gestão provisória por um período de três meses”.
O Presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, anunciou que, além do novo navio, o país irá receber “nos próximos meses, 21 autocarros de Portugal”.
O chefe de Estado entende que a Guiné-Bissau irá precisar “de uma empresa gestora competente” e de indústria naval face aos novos avanços no sistema de mobilidade.
O Presidente guineense destacou que os novos meios traduzem-se em “coesão Territorial com maior mobilidade das pessoas” e geram “confiança, autoestima”.
Sissoco Embaló não tem dúvidas de que o dia de hoje “é um passo para vencer o isolamento entre a parte insular e continental” do país com 88 ilhas, 20 das quais habitadas, e cerca de dois milhões de habitantes.
O secretário de Estado português, Nuno Sampaio, assegurou “sempre apoio de Portugal à Guiné-Bissau” e anunciou que, em breve, vai ser assinado uma acordo para o desenvolvimento do das ilhas Bijagós
Portugal e a Guiné-Bissau têm um Programa Estratégico de Cooperação (PEC) em execução entre 2021 e 2025, que prevê um investimento de cerca de 60 milhões de euros no país da África Ocidental.
Lusa