“O nosso grupo empresarial de informação estatal (VGTRK), um dos maiores, enfrentou um ataque sem precedentes a toda a sua infraestrutura digital”, afirmou o porta-voz presidencial, Dmitri Peskov, na sua conferência de imprensa diária.
Em concreto, foram alvos de ciberataques os canais Rossiya 1 e Rossiya 24.
Peskov manifestou o seu apoio ao coletivo VGTRK, que “está neste momento a desenvolver um enorme esforço para mitigar as consequências deste ataque”.
“Os especialistas estão a trabalhar para esclarecer todas as circunstâncias e para ver até onde levam os vestígios daqueles que organizaram este ataque informático”, acrescentou.
O ataque bloqueou o funcionamento dos servidores dos dois canais, impedindo-os de emitir, e a Internet deixou de funcionar nos seus escritórios, segundo os meios de comunicação locais.
A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo, Maria Zakharova, afirmou que o ataque seria comunicado “a todos os organismos internacionais, incluindo a ONU e a UNESCO, que terão agora de lhe prestar atenção”.
O grupo empresarial tinha dito anteriormente à agência noticiosa russa Interfax que tinha sofrido “um ataque sem precedentes em Kharkiv”, mas negou “danos significativos”.
De acordo com o portal de notícias russo Gazeta.ru, o ataque terá sido perpetrado pelo grupo ‘sudo rm -RF’, que tem apoiado a Ucrânia desde o início da campanha militar russa no país.
O incidente está a ser encarado como uma espécie de “prenda de aniversário” para o Presidente russo, Vladimir Putin, que celebra hoje o seu 72.º aniversário.
Este grupo já reivindicou a responsabilidade por outros ataques a infraestruturas digitais russas, nomeadamente o ataque de 2022 ao RuTube, o análogo russo da plataforma YouTube.
Segundo um perito citado pelo portal, o grupo utilizou provavelmente um vírus de encriptação que, em vez de encriptar os ficheiros atacados, simplesmente os elimina, pelo que o VGTRK poderá ter as mesmas dificuldades em restaurar o serviço que o RuTube e demorar até um dia a mitigar os danos.
“O simples restabelecimento do sistema é apenas uma pequena parte do trabalho. A prioridade agora é detetar os meios e as formas de entrada dos piratas informáticos no sistema. Se essas brechas não forem fechadas, o VGTRK será atacado de novo imediatamente”, disse o especialista.
Segundo fontes dos serviços de segurança de Kiev, citadas pela agência noticiosa Ukrinform, cerca de 20 canais de televisão estão indisponíveis desde o início da manhã, tanto através da Internet como das emissões convencionais.
O jornalista russo Alexandr Pliuschev, associado à estação de rádio da oposição Echo de Moscovo, relatou na rede social Telegram que os serviços de Internet da Rossiya 1 falharam às 05:00 locais (03:00 em Lisboa) porque “o controlador e todos os servidores falharam”.
O meio de comunicação Fontanka, com sede em São Petersburgo, publicou um gráfico dos erros na rede social Telegram e referiu que os serviços daqueles canais não estão a carregar na Internet, mas que “a televisão digital está a funcionar sem falhas”.
O canal russo independente “Govorit NeMoskva” afirmou, também na plataforma Telegram, que outros canais regionais associados ao VGTRK, como o Vesti Tomsk e o Vesti Tatarstan, deixaram de funcionar.
Lusa