No relatório, os peritos das Nações Unidas enviados para a Venezuela concluíram que as “medidas básicas de transparência e integridade” exigidas para “eleições credíveis” não foram respeitadas.
O painel de peritos violou “os termos de referência assinados com o Poder Eleitoral” ao publicar o relatório preliminar – ao contrário do que estava previsto – enquanto prepara uma versão final para o secretário-geral da ONU, António Guterres, que não será tornada pública, reagiu Caracas, em comunicado.
As autoridades venezuelanas disseram que o painel teve acesso a “todas as fases do processo”, no qual o Presidente Nicolás Maduro foi o vencedor, como anunciado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE).
“A opinião expressa no seu texto irresponsável não é mais do que um ato de propaganda que serve os interesses golpistas da ultradireita venezuelana, com quem interagiram constantemente antes, durante e depois das eleições”, de acordo com a mesma nota.
“Esta investida contra a democracia, executada por falsos peritos eleitorais, também fracassará, e na Venezuela prevalecerá a justiça e o respeito pela vontade soberana do seu povo”, acrescentou.
O relatório do painel sublinhou que o anúncio do resultado, feito através de dois boletins a 29 de julho e 02 de agosto, respetivamente, “sem a publicação dos seus detalhes ou a entrega dos resultados em tabela aos candidatos, não tem precedentes nas eleições democráticas contemporâneas”.
Neste sentido, o grupo de peritos explicou que os anúncios do CNE consistiram em comunicações orais sem qualquer suporte infográfico e, desde então, o organismo eleitoral não publicou “quaisquer resultados (ou resultados discriminados por mesa de voto)” para aprovação.
Este facto “teve um impacto negativo na confiança no resultado (…) entre uma grande parte do eleitorado”, continuou.
O painel de peritos referiu que pôde observar uma pequena amostra dos boletins de voto, incluindo os publicados pela maior coligação da oposição, que, de acordo com o bloco anti-Chávez, mostram o candidato Edmundo González Urrutia como vencedor.
O painel da ONU concluiu que as atas revistas “apresentam todas as características de segurança dos protocolos originais dos resultados”.
O relatório lembrou que o painel, que permaneceu na Venezuela entre o final de junho e 02 de agosto, foi convidado pelo CNE e que não se tratou de uma missão de observação eleitoral, pelo que não foi criado para fazer um julgamento público sobre o resultado das eleições.
A proclamada vitória de Maduro para um terceiro mandato consecutivo também foi questionada por vários Governos estrangeiros e pelo Centro Carter, que participou como observador.
Lusa