A nota de protesto foi entregue pelo ministro venezuelano das Relações Exteriores, Jorge Arreaza, durante um encontro à porta fechada que teve lugar na Casa Amarilla, sede do seu gabinete.
"Convocámos os diplomatas, dos países membros da UE, para apresentar um protesto formal e contundente do Governo Bolivariano do Presidente Nicolás Maduro, perante as suas agressões insólitas, inoportunas e fora do Direito Internacional Público", explicou o ministro à televisão estatal venezuelana, ao finalizar o encontro.
Segundo o ministro as "sanções restritivas" impostas pela União Europeia "atentam contra a soberania da Venezuela".
"São frágeis desde o ponto de vista legal e estão fora de toda a lógica diplomática", sublinhou.
Por outro lado, através do Twitter, Jorge Arreaza explicou que "o Governo bolivariano tomará medidas, em defesa da sua soberania, face a cada um dos países membros da União Europeia"
Fotos do encontro entre o ministro venezuelanos e os embaixadores, divulgadas no Twitter, mostram a presença de pelo menos uma dezena de embaixadores, entre eles o embaixador de Portugal, Carlos Nuno Almeida de Sousa Amaro.
Até ao momento não foi possível obter mais informação sobre quais as medidas que o Governo venezuelano prevê aplicar.
O protesto de Caracas surge depois de o Presidente Nicolás Maduro ter já anunciado, terça-feira, que vai responder "com toda a linha diplomática" às sanções impostas pela UE.
Segundo Nicolás Maduro as sanções são uma decisão "absolutamente grosseira, desacertadas" e condenadas pela Venezuela.
"Vamos responder em toda a linha diplomática, porque a Venezuela não ficará de braços cruzados, nem vamos ficar calados. A Venezuela tem voz clara, forte, valente e nada nem ninguém nos irá calar", disse perante milhares de simpatizantes, em Caracas, durante um ato evocativo dos 60 anos da queda da ditadura do general Marcos Pérez Jiménez (23 de janeiro de 1958), transmitido pela televisão estatal venezuelana.
A UE aprovou segunda-feira, em Bruxelas, sanções contra sete altos funcionários do Governo do Presidente Nicolás Maduro, por alegadas violações dos direitos humanos.
Entre os visados estão o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Maikel Moreno, o ministro venezuelano do Interior e Justiça, Néstor Reverol e o vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela, Diosdado Cabello, tido como o segundo homem mais forte do chavismo, depois de Nicolás Maduro.
As sanções abrangem ainda o diretor do Sebin (serviços secretos), Gustavo Enrique González, a presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena, o procurador-geral designado pela Assembleia Constituinte, Tarek William Saab, o ex-comandante da Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar), António José Benavides.
Segundo a imprensa venezuelana, as sanções contemplam o congelamento de ativos e a proibição às pessoas alvo das sanções de entrarem em território europeu.
Em novembro de 2017 a UE aprovou uma medida de embargo à venda de armamento e de material que pudesse vir a ser usado pelo Governo venezuelano para "reprimir" a população.
LUSA