Num discurso no Parlamento italiano, Meloni considerou que o acordo para os cargos de topo da UE foi alcançado por aqueles que acreditam “que a oligarquia é basicamente a única forma aceitável de democracia”.
As declarações surgem depois de seis líderes europeus, incluindo o francês Emmanuel Macron, o alemão Olaf Scholz e o polaco Donald Tusk, terem confirmado na terça-feira um plano para nomear Ursula von der Leyen para um segundo mandato como presidente da Comissão Europeia e dividir os dois outros principais cargos entre os socialistas e os liberais.
Um desses cargos, para a presidência do Conselho Europeu, deverá esta semana ser atribuído ao ex-primeiro-ministro português António Costa.
Giorgia Meloni é presidente do grupo político eurocético Reformistas e Conservadores Europeus, que se tornou nas últimas eleições o terceiro maior do Parlamento Europeu. Ficou, no entanto, fora do acordo para os cargos de topo.
“O terceiro grupo é um grupo que não é gostado por aqueles que tomam decisões”, declarou Meloni, considerando a UE um “gigante burocrático” cujas escolhas são ditadas pela ideologia.
O Governo de coligação de Meloni conseguiu quase 53 por cento dos votos nas eleições europeias em Itália. Por outro lado, em França, o partido no Governo apenas conseguiu 16 por cento.
Apesar destas declarações, fontes diplomáticas citadas pelo Guardian referem que Giorgia Meloni já chegou a acordo com o primeiro-ministro checo, Petr Fiala, para apoiar o acordo de cargos de topo, desde que ambos os países consigam cargos relevantes na próxima Comissão Europeia.
À semelhança da primeira-ministra italiana, também o seu homólogo húngaro, Viktor Orbán, considerou já que o acordo “revela as sementes da divisão”. Os eurodeputados húngaros estão igualmente fora dos grupos políticos pró-europeus.
Apesar da contestação de Meloni e Orbán, é expectável que a reunião de líderes europeus desta quinta-feira resulte na confirmação do acordo para os cargos de topo, que definem Kaja Kallas como chefe diplomática do bloco comunitário, António Costa como presidente do Conselho Europeu e Ursula von der Leyen novamente como presidente da Comissão Europeia.
Em ocasiões anteriores, as nomeações para a Comissão Europeia avançaram apesar da oposição, mesmo quando vinda dos maiores Estados-membros. Em 2014, o então primeiro-ministro britânico David Cameron juntou-se a Orbán numa tentativa falhada de impedir Jean-Claude Juncker de se tornar chefe da Comissão Europeia.