Uma pessoa morreu ontem e 15 ficaram feridas em França e na Suíça, quatro com gravidade, devido à tempestade de vento Eleanor, que perturbou o tráfego aéreo e ferroviário, cortou estradas e reteve vários esquiadores em teleféricos alpinos.
A vítima mortal é um jovem esquiador atingido pela queda de uma árvore na estância de Morillon, nos Alpes franceses, indicou a polícia local.
Segundo a proteção civil, pelo menos 15 pessoas ficaram feridas, quatro delas com gravidade, em incidentes desencadeados pelas más condições meteorológicas à passagem pelos dois países da tempestade Eleanor, de grau três numa escala de cinco.
Na sua conta da rede social Twitter, a proteção civil indicou que, desde terça-feira à noite, os bombeiros franceses socorreram 3.500 ocorrências causadas pela Eleanor e que cerca de 20 da centena de departamentos franceses continuava em alerta meteorológico às 16:00 locais (15:00 de Lisboa).
Entre os feridos em França, há um homem que caiu de um telhado, no departamento de Seine et Marne (região de Paris), uma mulher atingida por um bloco de betão, perto de Estrasburgo (nordeste de França), um condutor que embateu numa árvore, em Eure et Loir (noroeste), e um outro sobre cujo veículo caiu uma árvore, em Essone, no sul da capital francesa.
Na Suíça, no cantão de Berna, oito pessoas sofreram ferimentos, na maioria ligeiros, quando uma carruagem de um comboio descarrilou junto a Lenk, devido a uma forte rajada de vento, referiu a polícia helvética.
No cantão de Lucerna, uma pessoa sofreu cortes no rosto quando o para-brisas da sua viatura se quebrou com o impacto da tempestade, e em Neuchâtel, duas pessoas idosas ficaram feridas em consequência de quedas causadas pela intensidade do vento, que chegou a atingir, em algumas regiões, entre 160 e 200 quilómetros por hora, precisou a radiotelevisão pública SRF.
No cantão de San Galo, vários esquiadores ficaram retidos nos teleféricos da estação de Pizol.
De manhã, os aeroportos de Estrasburgo e de Basileia-Mulhouse estiveram encerrados durante duas horas e meia devido ao vento forte, que provocou atrasos nos aeroportos de Paris, bem como o desvio de vários aviões que deviam ter ali aterrado para outras cidades, indicou a Direção-Geral da Aviação Civil (DGAC).
Um porta-voz da DGAC precisou que, à tarde, as condições atmosféricas acalmaram em Paris e os problemas estavam a deslocar-se, à medida que a tempestade se aproximava, para os aeroportos de Nice e da Córsega, onde a situação do tráfego aéreo tendia a piorar.
Em Nice (sudeste de França), foi necessário desviar um avião, ao passo que na ilha mediterrânica da Córsega são esperadas rajadas de vento que, na costa, poderão alcançar entre 180 e 200 quilómetros por hora.
Além disso, 225.000 casas não tinham energia elétrica às primeiras horas da tarde, no norte de França, segundo a companhia Enedis, que gere as redes de distribuição.
À passagem por território suíço, a tempestade provocou igualmente perturbações no tráfego ferroviário e aéreo, bem como nas autoestradas, e levou ao encerramento de estâncias de esqui e jardins zoológicos e a apagões nos cantões de Berna, de Lucerna e em Zurique.
Na montanha Säntis, no nordeste do país, houve ventos de até 160 quilómetros por hora, mas o recorde registou-se em Andermatt, no cantão de Uri, com 201 quilómetros por hora, de acordo com o instituto meteorológico suíço, que afirma tratar-se da tempestade mais intensa em anos, não só na Suíça, como também noutros países europeus.
Por isso, os aeroportos de Genebra e Zurique estão a sofrer atrasos e alguns cancelamentos de voos, os barcos dos lagos de Thun e Constança suspenderam as travessias e registaram-se interrupções na circulação em várias linhas ferroviárias regionais.
Vários troços de autoestrada foram cortados devido a camiões voltados e outros obstáculos perigosos no piso.
A tempestade Eleanor causou também chuvas intensas, pelo que o Instituto para a Neve e a Investigação de Avalanchas fala de uma “situação crítica” nas montanhas, onde neste momento muitos suíços e turistas aproveitam os dias livres para esquiar.
No cantão de Valais, o nível de alerta é de quatro em cinco, e “o perigo pode aumentar nas próximas horas”, disse Christine Pielmeir, do Instituto para a Neve, à agência suíça ATS.
Devido ao vento, que aumenta as temperaturas, em combinação com os nevões, Pielmeir espera “avalanchas grandes e espontâneas” nos próximos dias, sendo quinta-feira o mais perigoso.
Da localidade de Conthey, no cantão de Valais, foram já retiradas entre 20 e 40 pessoas por causa do risco de avalanchas.
LUSA