O administrador não executivo da TAP, Diogo Lacerda Machado, afirmou hoje que as suas declarações sobre o “entretenimento” dos madeirenses de se queixarem da transportadora nesta altura do ano não representam “qualquer forma de desconsideração da Madeira”.
“Em circunstância alguma ousaria incorrer em qualquer forma de desconsideração da Madeira e dos concidadãos madeirenses, que seria indevida e injustificada", refere Diogo Lacerda Machado numa declaração escrita enviada à agência Lusa, a propósito da polémica gerada na região por declarações suas em Macau, no fim de semana passado.
O administrador participou num debate promovido no âmbito do 43.º Congresso Nacional da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT), onde afirmou que “os madeirenses, todos os anos pelo Natal e pelo Ano Novo e aí pelo mês de junho, têm uma espécie de entretenimento ideal que é queixar-se da TAP”.
“De quem mais é que se poderiam queixar? Não os vejo a queixar-se da easyJet, que também carrega nas tarifas quando a procura ultrapassa largamente a oferta”, acrescentou.
Em causa estão os preços das ligações aéreas entre o continente português e a Madeira nos períodos classificado como ‘de pico’, como o Natal, o Fim do Ano e a Páscoa.
Na nota enviada hoje à Lusa, Diogo Lacerda Machado escreve: “A propósito da indesejada controvérsia suscitada sobre declarações que fiz sobre tarifas aéreas na Madeira, entendo dever esclarecer que o sentido original e sério dessas declarações foi o de afirmar que a imputação que, por generalização precipitada, é feita à TAP das causas de exigência de tarifas elevadas em certas épocas do ano é um erro de análise”.
O administrador adianta que, “por assim ser, acaba por ser um modo de distração sobre as causas reais, que, como expressamente referido nas declarações, devem ser procuradas no contexto da existência de um mercado e da especialidade do transporte aéreo de e para regiões arquipelágicas”.
As declarações de Diogo Lacerda Machado foram consideradas “inaceitáveis” pelo líder do PS/Madeira, Carlos Pereira.
O presidente dos socialistas madeirenses opinou, em comunicado, que as afirmações são mais do que “um ‘lapsus linguae’”, constituindo “uma tremenda desconsideração e falta de respeito que deve ser corrigida o quanto antes”.
Por seu turno, o grupo parlamentar do PSD/Madeira anunciou ter entregado no parlamento regional um voto de protesto, no qual também classifica estas declarações como “inaceitáveis por parte de um administrador da TAP Air Portugal nomeado pelo Governo da República e amigo pessoal e de confiança do primeiro-ministro”.
O texto refere ainda que a “ofensiva” afirmação de Diogo Lacerda Machado “não foi contrariada” por António Costa, pelo ministro da tutela ou pelo Conselho de Administração da transportadora, o que “apenas revela a ideia e a postura de desprezo que a TAP tem pela Madeira e pelos madeirenses”.
O PSD propõe que a Assembleia Legislativa da Madeira manifeste “o seu mais veemente protesto pela total falta de respeito pelos madeirenses manifestada pela administração da TAP, em especial pelo Dr. Diogo Lacerda Machado, o que revela um posicionamento lesivo, em primeiro lugar dos madeirenses […], e do atual Governo da República e do primeiro-ministro no cumprimento das suas obrigações do Estado”.
LUSA