“Temos um fim de semana difícil pela frente, e tentei ser limpo. Não quero estragar a atmosfera, mas fazer esta etapa com os mesmos pneus com que temos de fazer amanhã (sexta-feira) é um disparate. Já o dissemos várias vezes, mas parece que ninguém nos quer ouvir”, disse o belga Thierry Neuville (Hyundai), que, ainda assim, conseguiu o melhor tempo, com 2.24,2 minutos, batendo o francês Sébastien Ogier (Toyota Yaris) por 0,6 segundos, com o estónio Ott Tänak (Hyundai i20) na terceira posição, a dois segundos do companheiro de equipa.
Neuville destacou a grande e efusiva presença do público, com milhares de pessoas a assistirem a esta superespecial, mas apontou que se não tivesse de poupar os pneus podia ter proporcionado um melhor espetáculo.
“Espero que o público tenha gostado, mas podíamos ter feito muito melhor”, acrescentou o belga.
Discurso semelhante teve o francês Sébastien Ogier (Toyota), que estabeleceu o segundo melhor tempo nesta ronda inicial de 2,94 quilómetros.
“Não é inteligente pedirem-nos para fazer uma especial de asfalto em que temos de ir com cautela sem dar espetáculo. Este tipo de especiais tem de ser no final de uma secção. Tentei ser cuidadoso com os pneus e dar o nosso melhor com o que temos”, desabafou o gaulês, que venceu o título mundial oito vezes.
Já o finlandês Kalle Rovanpera (Toyota), vencedor do Rali de Portugal nos dois últimos anos, não foi além do quinto tempo da superespecial, e apontou que “foram demasiados peões para fazer com os mesmos pneus que serão usados no dia seguinte”.
Também Dani Sordo, espanhol que compete pela Hyundai, e que esta manhã foi o mais rápido no ‘shakedown’, sendo o sétimo nesta superespecial, lamentou a degradação dos pneus mas deixou uma garantia: “Amanhã é um dia longo, os pneus já vão desgastados, mas vou tentar vencer este fim de semana”.
Um dos mais aplaudidos neste arranque do Rali de Portugal foi Armindo Araújo, ao volante de um Skoda, que conseguiu o 13.º melhor tempo na Figueira da Foz, e a melhor prestação entre os pilotos portugueses.
“Foi uma superespecial fantástica. Sentimos o entusiasmo do público e atacámos ao máximo para dar um bom espetáculo”, afirmou.
Igualmente muito aplaudido foi o campeão nacional em título, Ricardo Teodósio (Hyundai), que fez o 17.º melhor tempo, mas também mostrou insatisfação com a questão dos pneus.
“Estas superespeciais são sempre muito complicadas. Dantes, gostava muito delas, mas agora nem por isso. Temos de gerir os pneus, e é algo que não é correto, e que não acontece no nosso campeonato nacional. Podia ter sido melhor, mas tivemos de gerir. Ainda assim, não fizemos um tempo mau”, disse o algarvio.
Ainda nos pilotos que competem no Campeonato Portugal de Ralis (CPR), o melhor tempo (11.º) foi para o inglês Kris Meek (Hyundai), que prometeu estar também na luta pela vitória na categoria WRC2.
“Amanhã já vai ser um dia difícil, com muitas pedras, vai ser uma questão de sobrevivência. Sei que os mais jovens vão dar-me luta e mais uns cabelos grisalhos”, partilhou, sorridente.
O Rali de Portugal é a quinta de 13 rondas do Mundial de Ralis de 2024 e decorre até domingo, com 22 especiais cronometradas, no norte e centro do país.