Os dados hoje divulgados fazem parte do terceiro Inquérito de prevalência pontual das Infeções Associadas a Cuidados de Saúde (IACS) e dos antimicrobianos em hospitais de cuidados agudos, coordenado pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC).
“As infeções associadas aos cuidados de saúde representam um desafio significativo para a segurança dos doentes nos hospitais de toda a Europa”, salienta o ECDC, que divulgou os resultados do inquérito em conferência de imprensa para assinalar o Dia Mundial da Higiene da Mãos (5 de maio).
Para a organização de saúde, estes números “realçam a necessidade urgente de novas ações para mitigar esta ameaça”.
A diretora do ECDC, Andrea Ammon, defende que ao dar-se “prioridade às políticas e práticas de prevenção e controlo de infeções”, assim como à gestão de antimicrobianos e à melhoria da vigilância, pode combater-se “eficazmente a propagação destas infeções e proteger a saúde dos doentes em toda a UE/EEE”.
Em 2022-2023, a covid-19 associada aos cuidados de saúde contribuiu de forma significativa para o aumento do peso destas comparativamente com o inquérito anterior (2016-2017).
O SARS-CoV-2, o vírus responsável pela covid-19, foi classificado como o quarto microrganismo mais comum nas IACS.
De acordo com os dados, as infeções do trato respiratório, incluindo a pneumonia e a covid-19, representaram quase um terço de todas as infeções notificadas, seguidas das infeções do trato urinário, das infeções do local da cirurgia, das infeções da corrente sanguínea e das infeções gastrointestinais.
Também foi observado um aumento no uso de antimicrobianos em comparação com inquéritos anteriores. No estudo de 2022-2023, 35,5% dos doentes receberam pelo menos um agente antimicrobiano, contra 32,9% no estudo anterior (2016-2017).
Em qualquer dia, cerca de 390.000 doentes hospitalizados na UE/EEE recebem pelo menos um agente antimicrobiano, refere o ECDC, considerando “particularmente preocupante o facto de um em cada três microrganismos detetados nas IACS serem bactérias resistentes a antibióticos importantes, limitando assim as opções de tratamento dos doentes infetados”.
Salienta que, pelo menos, 20% das infeções associadas a cuidados de saúde são consideradas evitáveis através de programas sustentados e multifacetados de prevenção e controlo das infeções (PCI).
As medidas de PCI são mais eficazes quando fazem parte de estratégias de implementação multimodais, combinando elementos como a educação, bem como a monitorização e o ‘feedback’.
“Medidas simples, como a higiene das mãos e a disponibilização de dispensadores de gel à base de álcool à cabeceira das camas, podem diminuir consideravelmente o número de IACS”, realça a organização.
Defende ainda que intervenções mais complexas, como a garantia de um número adequado de quartos individuais e de pessoal especializado em PCI, também desempenham um papel crucial na prevenção das IACS.
Verificou-se uma variação significativa na implementação de programas de PCI nos hospitais europeus, o que indica a necessidade de práticas normalizadas e de esforços acrescidos para melhorar o cumprimento das medidas de programas de prevenção e controlo das infeções.
Os resultados do inquérito também destacam a importância da implementação de medidas preventivas para as infeções virais respiratórias em contextos de cuidados de saúde.
Estas medidas incluem a realização de testes precoces para o diagnóstico atempado de infeções virais respiratórias, seguidos da aplicação de precauções baseadas na transmissão, bem como, durante períodos de elevada prevalência de infeções virais respiratórias na comunidade, a consideração do uso de máscara em todo o contexto dos cuidados de saúde.
Lusa